Os profissionais são estimulados a se tornar pessoas jurídicas (pjs) em vez de serem contratados, formalmente, com carteira assinada.
Pipocam, então, grandes oportunidades para os profissionais de talento criarem suas próprias "empresas", mesmo que sejam organizadas em torno de apenas um cliente.
Com a dinâmica do mercado, as "pjs" perdem muitas vezes os clientes que lhes deram origem, assimilam novos clientes e se expandem. E com o tempo, deixam de ser reféns daquela organização original e se tornam "empresas de verdade".
Com escritórios ou sedes, com empregados, com contas bancárias, com impostos devidamente recolhidos e, até mesmo, com sobras no faturamento mensal, que os sócios gastam em causas própria, como se fosse uma sobra salarial.
Enquanto durar a bonanza todos serão felizes. Os antigos empregados se tornam empresários super ocupados. E se viciam na rotina que os clientes aleatórios lhes impõem.
O dia a dia de se atender vários clientes (ou vários patrões) é sufocante. Mas as recompensas de curto prazo são generosas. E anestesiantes.
Até que surgem os períodos de baixa no mercado.
Às vezes essas "pjs" funcionam bem por anos. E seus "proprietários-cabeças-de-empregado" só se dão conta que a empresa se manteve como uma ficção quando não conseguem mais renovar os contratos que são repassados para uma empresa de verdade.
Muitas vezes, uma empresa que começou como "pj" mas que seus proprietários tiveram a visão e a determinação de a organizar em torno de um serviço ou produto que agregasse diferenciais para o mercado como um todo.
E que, assim, se tornasse interessante até mesmo para os atuais clientes, em particular. Que podem contar com produtos e/ou serviços sempre a custos mais competitivos e ajustados às suas necessidades sempre renovadas.
Muitas vezes, os donos das "pjs" acordam a tempo. Buscam ajuda para se organizar como empresas de verdade. O Sebrae tem vários especialistas que podem ajudar.
Mas perceber essa necessidade é muito difícil. A rotina dos "proprietários-cabeças-de-empregado" é viciante. E de tanto serem profissionais ocupadíssimos, só se avaliam enquanto se mantêm executando uma tarefa.
E sem terem a visão que os tornariam empresários, gastam todas as energias disponíveis, todas as reservas acumuladas, no esforço insano de tentar concorrer com empresas de verdade enquanto se mantêm como "pjs".
Felizmente, muitos acordam a tempo. Mas muitos são obrigados a desistir. E voltam ao mercado em busca de uma vaga tradicional, com carteira assinada, com chefes ranhetas, férias anuais e com uma remota expectativa de aposentadoria.
Fonte: Uol