Jovens empresas brasileiras também estão adotando ambientes bem informais de trabalho. E, ao contrário do que se pensa, ter paredes coloridas e espaços sem divisórias não é apenas uma questão de visual.
“Parece firula, mas este tipo de ambiente influência, sim, a criatividade”, constata Vinícius Oberg, sócio da República, agência de publicidade carioca voltada para o público jovem. E ele sabe o que fala, pois sua empresa funcionou por dois anos dentro de uma sala em um prédio antes de se mudar para uma aconchegante casa no tranquilo e arborizado bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. “A mudança foi fundamental, nós sentimos o efeito”, diz Oberg.
João Drummond, diretor da Tag Plus, plataforma de gerenciamento e emissão de notas fiscais para pequenos e médios empresários, é outro que também sentiu a diferença de produzir em um espaço mais informal. “Trabalhei em multinacionais, e o ambiente era mais fechado, já empresas mais novas tendem a ter ambientes mais descontraídos”, afirma Drummond, cujo negócio funciona em um ambiente colorido e sem paredes em Belo Horizonte.
A ausência de divisórias, por sinal, é uma das marcas registradas dos novos espaços de trabalho, e influencia a criatividade dos funcionários. “Sem as paredes, há uma troca maior entre as pessoas, a colaboração é incentivada”, explica Marcilio Riegert, CEO da aceleradora de negócios Start You Up, de Vitória.
Outra aceleradora de negócios que se beneficia da ausência de divisórias é a Liga Experimental, do Rio de Janeiro. Como diz o diretor financeiro da empresa, Antônio Cardoso, “isso ajuda os empreendedores que estão em nosso espaço a se ajudarem uns aos outros a se desenvolverem”.
A República, por sua vez, radicaliza a ideia de espaço compartilhando, pois, em sua sede, não é apenas a ausência de paredes que chama a atenção. Há também um bar e um jardim onde são realizadas até reuniões de negócios. Já no terreno ao lado, uma quadra faz a alegria dos funcionários, que costumam jogar bola e andar de skate nos intervalos do trabalho.
Além disso, um ambiente mais agradável não só incentiva a criatividade, mas também ajuda a diminuir sensivelmente a rotatividade de funcionários. Riegert, por exemplo, afirma que este tipo de ambiente “aumenta a retenção de talentos”. Cardoso é outro que percebe que os funcionários acabam se identificando mais com a empresa: “Eles dificilmente saem”.
Para criar um ambiente mais informal, nem é preciso apelar para um grande projeto de decoração. “Nunca contratamos arquiteto, sempre pegamos dicas, referências de outros ambientes e até com clientes”, afirma Oberg. Já Riegert conta que “nós mesmos fomos criando o espaço, cada um do seu jeito”. Cardoso finaliza destacando a importância do toque pessoal: “Não é só criar uma parede colorida, cada um pode colocar coisas próprias”.
Fonte: Terra