Longas leituras, excesso de informações e ausência de um maior pragmatismo na organização de seu conteúdo. Essas são as principais questões levantadas quando falamos sobre o antigo modelo do Relatório Anual, peça utilizada pelas empresas de capital aberto para divulgação e apresentação de sua performance e suas realizações a investidores, colaboradores e sociedade em geral. Mas, felizmente, este cenário vem se alterando de forma significativa. Hoje, muitas companhias buscam a adoção das melhores práticas para uma comunicação mais efetiva junto ao mercado.
Primeiramente, deve-se destacar que o Relatório Anual de uma empresa é resultado de um processo dinâmico e participativo, e que conta com a contribuição efetiva das várias áreas da organização. Sua missão principal é prover, com transparência e qualidade, informações relevantes que ilustrem claramente o que é a companhia e como ela atua, além, é claro, os principais resultados obtidos naquele específico ano. Neste contexto, o envolvimento de todos resulta em um produto mais rico e consistente.
Existe um esforço grande de várias organizações brasileiras - como é o caso do Itaú Unibanco, a primeira empresa do sistema financeiro brasileiro a publicar um Relato Integrado, seguindo o modelo proposto pelo IIRC (Conselho Internacional de Relato Integrado, na sigla em inglês) - em inovar nesta comunicação, em uma busca constante pela excelência.
Este Relato Integrado (tradução mais apropriada do inglês Integrated Reporting) é um novo modelo de apresentação das informações corporativas que associa, por exemplo, os resultados financeiros ao valor criado por outras iniciativas, como ações sociais e ambientais. O objetivo é conectar, de forma clara e concisa, a estratégia da organização às suas diversas informações financeiras e não financeiras.
Desta forma, diferentes relatórios até então disponibilizados passam a ser unificados em uma única peça, a qual torna a comunicação aos investidores e demais públicos de interesse bem mais acessível e didática. Mais do que uma mudança na estrutura do relatório, é uma mudança de governança da informação e ilustra como a empresa faz a gestão de seus capitais (humano, intelectual, financeiro, dentre outros) para garantir uma performance sustentável.
Este modelo também antecipa metas e desafios, contribuindo assim para uma visão mais prospectiva e estratégica da empresa a ser compartilhada com seus investidores - e outros públicos interessados. Esta é uma mudança fundamental trazida por esta nova visão, a qual certamente atrairá um número maior de investidores de longo prazo em função da transparência e do compromisso assumidos na questão da sustentabilidade.
Desta forma, o Relato Integrado é uma consequência natural do modelo de gestão da empresa, baseado na melhor relação entre risco e retorno a curto, médio e longo prazos. Mais do que relatar e apresentar dados contábeis e financeiros, este novo modelo de relatório contribuirá substancialmente para ampliação da qualidade e objetividade da comunicação.
Por Caio Ibrahim David
Fonte: DCI-SP