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Inflação em alta? Saiba como ficarão os preços durante a Copa do Mundo

Ao contrário do esperado, torneio perdeu para a estiagem o posto de vilão do custo de vida

07/05/2014 09:47

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Inflação em alta? Saiba como ficarão os preços durante a Copa do Mundo

As vésperas da Copa do Mundo no Brasil, a inflação no País não para de subir — em março, ela atingiu seu maior nível para o mês em 11 anos — e, segundo analistas, deve ultrapassar o teto da meta do governo, de 6,5% ao ano. No entanto, ao contrário do que muita gente esperava, o torneio esportivo não será o maior responsável pelo aumento de preços no Brasil.

Segundo economistas e empresários entrevistados pelo R7, o aumento no custo de vida do brasileiro tem dois fatores centrais: a estiagem no início ano, que afetou os alimentos, e as eleições para presidente e governadores, que devem colocar em xeque o controle nos preços de setores como energia e transportes. Segundo o último IPCA (Índice Nacional de

Preços ao Consumidor Amplo, inflação oficial), divulgado pelo IBGE no início de abril, os custos com alimentação e transportes subiram 1,92% e 1,38%, respectivamente, apenas em março, e juntos formaram 79% do índice oficial. O diretor da ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), Denis Ribeiro, explica que esse aumento ocorreu devido à seca que atingiu o País no início do ano e impactou, sobretudo, os produtos “in natura” — aqueles que são consumidos em seu estado natural, como as frutas. — É um problema basicamente de "São Pedro" que está afetando a economia. A tendência é que, após a Copa do Mundo, os preços voltem a se estabilizar.

O diretor-executivo da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) , Miguel de Oliveira, ressalta que outros itens além de alimentação e transportes vêm subindo acima do esperado em 2014, como as despesas pessoais — alta de 0,79% em março, segundo o IBGE. — Você tem o fator climático, mas não é só isso, tanto que 70% dos produtos subiram neste ano.

Oliveira comenta que a alta da inflação neste início de ano é consequência do "pessimismo generalizado na economia", o que vem provocando um reajuste prematuro dos preços. Opinião compartilhada pelo economista da FGV (Fundação Getúlio Vargas), André Braz. — Há diversos serviços que ficaram mais caros, como cortar o cabelo e lavar o carro, que reforçam a perspectiva do consumidor de que a inflação está subindo.

Segundo Braz, é "prematuro" dizer que a Copa tem impactado na alta dos preços, os quais ele afirma que podem até subir durante o evento, em locais específicos, mas voltará ao normal após o seu término pela falta de demanda. Essa é a mesma posição do diretor da Anefac: uma pressão localizada sobre os preços em razão das leis de mercado. — A tendência é que a Copa do Mundo pressione ainda mais os preços devido ao aumento da demanda. Veja a seguir o impacto da Copa nos setores hoteleiro e de transportes.

Transportes As passagens aéreas foram um dos grupos que mais se encareceram em março, com alta de 26,49% em março, segundo o IBGE. Essa alta contrasta com pesquisa da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) do fim de março, que apontou uma queda de 25% em três meses no preço médio de bilhetes aéreos para as cidades-sede da Copa do Mundo no período dos jogos.

Em nota, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) esclarece que a diferença é resultado da metodologia individual de cada órgão: enquanto o IBGE analisa as tarifas dos sites das companhias aéreas a partir de um número limitado de rotas e com elevada antecedência de compra (30 ou 60 dias), a Anac considera a média das passagens efetivamente compradas no mês, incluindo as tarifas promocionais. Para a Abear, a pesquisa do IBGE é, dessa forma, vulnerável a “imprecisões”, pois considera tarifas que não foram vendidas e ignora as que foram vendidas em promoção, o que "não reflete o comportamento do consumidor, acostumado a escolher dias e horários flexíveis do voo e, com isso, conseguir preços mais econômicos".

De acordo com a Anac, a queda nos preços é reflexo da maior oferta de voos e assentos pelas companhias aéreas — a agência autorizou novos voos para o período da Copa em janeiro. Ela ressalta, porém, que os preços devem "subir um pouco" com a proximidade do evento, quando as passagens mais baratas já tiverem acabado.

Hotéis mais baratos Quanto à hotelaria, a elevada oferta de quartos em algumas cidades é um fator favorável à queda dos preços. Segundo dados do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) divulgados no dia 24 de abril, 76% dos quartos de hotéis em São Paulo ainda estão vazios durante o período da Copa do Mundo. A queda nos preços de hotéis das cidades-sede do mundial já é sentida desde o início do ano.

Segundo o site de busca Trivago, os preços para a primeira partida do torneio, em São Paulo, caíram de R$ 775, em média, em janeiro, para R$ 621, em abril. Já para a final do Mundial, no Rio de Janeiro, os preços foram de R$ 1.441, no primeiro mês deste ano, para R$ 816 em abril. De acordo com a responsável pelo desenvolvimento da Trivago Brasil, Isadora Alfers, em janeiro havia um otimismo do mercado em relação ao número de turistas que viria ao Brasil, mas a baixa procura e a pressão sobre o setor hoteleiro devido aos valores acima da média podem ter contribuído para a queda nos preços. — Se a tendência seguir a mesma, é possível que tenhamos baixas ainda maiores nas próximas semanas. Imagina depois da Copa Apesar da inflação em alta, os economistas alertam que, não fossem as intervenções do governo, que vem segurando os preços de energia e transportes, os preços seriam ainda maiores.

Essa “bondade”, contudo, tem data marcada para terminar: as eleições deste ano. Após o pleito, deverão ocorrer reajustes, em especial em energia elétrica e combustíveis, independentemente dos candidatos vencedores. Nesse ponto, é possível que haja uma reação em cadeia que atinja outros setores, como a indústria e a logística. Para Oliveira, a expectativa é que isso piore ainda mais a inflação do País. — A inflação só não subiu mais porque o governo segurou os preços dos combustíveis e da luz.

Ou seja, além dos produtos que já estão subindo, há outros que ainda vão subir. A exceção, nesse caso, são os alimentos. De acordo com o diretor da ABIA, os preços ainda devem subir um pouco até o Mundial, mas depois se estabilizar. — A tendência é que, após a Copa do Mundo, os preços voltem a se estabilizar.

Fonte: R7 Economia

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