Isso é o que mostra uma pesquisa realizada ao longo do último trimestre de 2013 pela companhia de educação corporativa Affero Lab em parceria com o Ibope Inteligência.
Foram ouvidos mais de 600 executivos, 46,4% de recursos humanos e 53,6% de outros setores, a respeito das perspectivas sobre o papel do RH e seu posicionamento nas questões estratégicas das organizações.
De acordo com Daniel Orlean, sócio-diretor da Affero Lab, os dados obtidos não implicam conflito, mas que o RH e as outras lideranças das empresas dão importância a coisas diferentes. Porém, “quanto mais se conseguir alinhamento, melhor”, diz.
As primeiras divergências surgem nos maiores desafios estratégicos das organizações. Para RH, eles são gestão de talentos (25,9%) e redução de custos (22,5%). Para os profissionais das demais áreas, lucratividade (29,3%) e crescimento da organização (28,1%), mais diretamente ligadas aos resultados dos negócios.
Em termos de desafios para a área de recursos humanos, o item desenvolvimento de lideranças expõe uma disparidade maior. Sua importância alcança 53,4% entre os profissionais de RH e apenas 26,6% para os demais, que destacam como desafio mais vital do RH a retenção de talentos (42,2%). Treinamento e desenvolvimento, por sua vez, são muito importantes para as organizações para 73% do pessoal de recursos humanos e 56,1% dos outros executivos.
“O RH não está sendo efetivo o suficiente em mostrar para as outras áreas que o desenvolvimento de lideranças acarreta maiores índices de retenção, engajamento e desenvolvimento de pessoas”, avalia Orlean. “Não enxergam a liderança como a maior alavanca para melhores desempenhos e menores ‘turnover’ e evasão de profissionais.”
O grau de satisfação com o trabalho realizado pela área de recursos humanos também varia segundo o ponto de vista. Ele é bem maior para os próprios profissionais de RH (50,8%) que para os executivos de outros setores (18,7%). “A pesquisa aponta que o RH tem dificuldade de mostrar o retorno do investimento em treinamento para o negócio, como atender ao cliente com mais eficiência e gerar mais vendas”, afirma o sócio-diretor da Affero Lab.
Apesar de os resultados do levantamento serem “de alerta” para a necessidade de o RH conversar mais estrategicamente com outras áreas das empresas, para Orlean, já houve evolução nesse sentido. “Ainda não está onde seria o ideal, mas vemos o RH se mexendo em muitas ocasiões.”
Fonte: Valor Economico