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Burocracia dificulta a vida do pequeno empreendedor

Ampliar o acesso aos instrumentos de fomento é fundamental para financiar projetos em pequenas empresas de base tecnológica.

21/05/2014 09:01

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Burocracia dificulta a vida do pequeno empreendedor




Ampliar o acesso aos instrumentos de fomento é fundamental para financiar projetos em pequenas empresas de base tecnológica. A injeção de capital pode definir o futuro desses negócios. "É difícil conseguir financiamento nas linhas de pesquisa. O processo é burocrático e demorado", afirma Mario Prado, CEO da Taggen. Fundada em 2010, a Taggen passou por processo de incubação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), recebeu consultoria para montar o plano de negócios, apoio de marketing, mas não teve projetos aprovados nas agências de fomento. "Pegamos o auge da crise. Tivemos de nos virar", comenta Prado.

A injeção de capital ocorreu da forma tradicional: com a entrada de dois sócios seduzidos pelo desenvolvimento da tecnologia de identificação por radiofrequência (ou RFID, na sigla em inglês). Segundo Prado, o aporte foi de R$ 600 mil em um ano, o suficiente para bancar o pagamento dos salários dos funcionários até as vendas começarem a acontecer. "Para efetuar um negócio, investimos entre quatro e seis meses em projetos de adaptação da tecnologia no cliente. Nosso problema é o fluxo de caixa", explica o CEO.

A Taggen fatura R$ 2 milhões por ano e estruturou parcerias com os fabricantes de equipamentos para melhorar o fluxo de caixa e arcar com o desenvolvimento das soluções. "Como as vendas são casadas, os fornecedores entregam os produtos e recebem quando finalizamos a instalação dos sistemas no cliente", explica.

Já a Phi Innovations encontrou na Lei da Informática o orçamento para investir no desenvolvimento de produtos. Especializada no desenvolvimento de sistemas para equipamentos como ar-condicionado, TVs e até vidros elétricos para carros, a Phi vende serviços especializados para fabricantes de eletroeletrônicos. "Atuamos como um centro de pesquisa terceirizado", explica o sócio-fundador Flávio Alves.

Segundo Alves, 30% do faturamento da Phi está vinculado ao desenvolvimento de soluções para a indústria eletroeletrônica. No ano passado, a empresa registrou receita de R$ 1,5 milhão. A estrutura atual permite atender entre cinco e dez projetos vinculados à Lei da Informática por ano. "Os ganhos para o cliente estão na nossa capacidade de criar rapidamente as soluções de que eles precisam."

Como contrata a pesquisa e desenvolvimento dos sistemas, a propriedade intelectual fica com a empresa de hardware. Segundo Alves, a vantagem de operar com a Phi, em vez de optar por um centro ou instituto de pesquisa, está no comprometimento com o resultado final do produto. "É, de fato, uma construção conjunta", afirma.

O mercado de software para eletroeletrônicos explodiu com a miniaturização dos processadores. "Atualmente qualquer equipamento eletrônico pode conter um microprocessador e ele vai precisar de um software", comenta Alves. Para ampliar a carteira de projetos passíveis de recursos da Lei de Informática, a equipe da Phi esclarece os fabricantes de eletroeletrônicos sobre o uso do incentivo fiscal. "Agimos de forma ativa para captar mais recursos", diz Alves.

A história da Veritas Life Sciences - empresa de biotecnologia formada para desenvolver estudos com moléculas para produção de medicamentos biológicos - não seria a mesma sem o aporte, a fundo perdido, de R$ 3,8 milhões da Finep. Para estruturar o negócio e conseguir a verba, a companhia ingressou na incubadora Supera, ligada à Universidade de São Paulo.

O projeto da Veritas é de alto risco e de longo prazo de maturação, o que torna a empresa dependente de recursos públicos. "Ainda não temos um mercado de capital de risco capaz de absorver pesquisas de biotecnologia", aponta Sandra Rodrigues Pereira Faça, sócia da Veritas.

Para chegar a uma molécula para tratamento de câncer com potencial de mercado, foram dez anos de estudos. Além da pesquisa científica, os custos com testes clínicos são altos e estão inclusos no financiamento. "Estamos em estágio avançado do produto, mesmo assim ainda é difícil encontrar um investidor para dar continuidade ao projeto", destaca Sandra, lembrando que, em inovação, quanto maior o risco, maior a possibilidade de ganho.

Fonte: Valor Econômico

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