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Relacionamento com cliente ainda é gargalo

Para economista, poucos empresários deste setor investem no contato direto com indústria e fornecedores

06/08/2014 08:45

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Relacionamento com cliente ainda é gargalo

Curitiba. Embora tenha passado por um processo significativo de inovação nos últimos anos, grande parte do atacado brasileiro ainda ignora novas ferramentas e formas de se relacionar com clientes, as quais implicariam não somente na redução de custos, mas também numa maior adequação ao mercado gigantesco e diversificado do País.

De acordo com o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP) Nelson Barrizzelli, um dos investimento que recebe pouca atenção por parte do setor é o uso da tecnologia no contato direto com clientes e fornecedores.

Conforme explica, a maior parte dos atacadistas investe em inovações tecnológicas, mas apenas um número muito reduzido tenta aprimorar a comunicação com a indústria e o varejo.

"Quando um supermercado ou atacadista compra de uma grande indústria, ele usa meios eletrônicos, mas, antes disso, vai primeiro o vendedor, para negociar e tirar o pedido", exemplifica o professor.

O ideal é que a transação se dê sem o deslocamento do vendedor, destaca o professor, que proferiu uma palestra ontem na 34ª Convenção Anual do Atacadista Distribuidor, em Curitiba. O evento se estende até quinta-feira e tem a expectativa de fechar R$ 20 bilhões em negócios, bem como reverter R$ 10 bilhões para a economia local.

Ganho nos custos

Segundo Barrizzelli, o principal ganho para o distribuidor seria a redução dos custos. "A ida do vendedor na loja tem sempre um custo alto. Se ele conseguir estabelecer uma regra em que o varejista faça o pedido na hora em que ele precisa da mercadoria, de forma contínua, vai ter menos despesas", ilustra.

Ao mesmo tempo, complementa, esse tipo de interação também seria benéfica para o varejista, que não precisa esperar a ida de um vendedor ao seu estabelecimento.

O professor ressalta ainda que a adoção desse tipo de tecnologia depende sobretudo do interesse dos atacadistas. "Há dezenas de empresas que estão absolutamente dispostas a fazer demonstrações, treinar, ajudar (na inovação). Não é falta de tecnologia ou de empresas que auxiliem. É falta de percepção de que essas ferramentas estão disponíveis e podem ajudar".

Diferenças nas regiões

Segundo Barrizzelli, outro erro cometido pelos atacadistas é enxergar de forma uniforme o varejo brasileiro, que é único em cada região. "O Brasil são vários países", frisa. O varejista do Norte, exemplifica, tem perfil bastante distinto do comerciante da região Sul, devido a fatores como os hábitos de consumo e a renda da população.

No Nordeste, acrescenta, o atacadista pode ser "mais tradicional" do que no Sul ou Sudeste, diante, por exemplo, do número mais elevado de pequenos estabelecimentos que vendem variedades e dependem dos distribuidores. O professor salienta que é preciso reconhecer as características específicas de cada região e se adaptar a elas.

Tráfego leva atacado a investir em logística

Criativo e persistente, o cearense tem como um de seus méritos encontrar soluções eficientes em cenários de dificuldade. Não à toa, o atacado do Estado tem posição de destaque no País, onde as demandas da indústria e do varejo exigem dos distribuidores atender cada vez mais em cada vez menos tempo. Conforme o vice-presidente da Associação Cearense dos Atacadistas e Distribuidores, Auricélio Parente, um dos principais caminhos para esse fim tem sido os investimentos em roteirização.

Segundo ele, as dificuldades para trafegar em Fortaleza motiva os atacadistas a atuar no Interior, o que demanda maior atenção à roteirização e a outros elementos ligados à logística.

"O cearense gosta de fazer bem feito", comenta, acrescentando que os custos gastos com inovação costumam ter retorno rápido. Além disso, acrescenta Parente, existe no Estado a consciência de que é preciso se atualizar e "se reinventar" continuamente. (JM)

Por João Moura

Fonte: Diário do Nordeste – CE

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