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Nove em cada 10 startups "quebram"

Perfil desses novos negócios é o de jovens empreendedores sem medo de arriscar, com pouco dinheiro e muitos sonhos.

10/09/2014 16:32

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Nove em cada 10 startups "quebram"

Nove em cada 10 startups "quebram"

Elas estão impactando os mais diferentes mercados e mudando a forma de condução dos negócios no mundo inteiro. Com crescimento acelerado, lucros invejáveis e soluções inovadoras, as startups ganharam a atenção de empreendedores, investidores e governo, que passaram a investir fortemente nesse mercado.

O perfil mais comum nesses novos negócios é o de jovens empreendedores sem medo de arriscar, com pouco dinheiro e muitos sonhos. No Brasil, existem mais de 10 mil empresas com esse perfil e, segundo dados da Anjos do Brasil - associação que reúne investidores -, entre junho de 2012 a julho de 2013, o investimento destinado a startups cresceu 25% no Brasil, somando R$ 619 milhões.

Mas, apesar dos resultados encantadores de algumas empresas, especialistas destacam que a realidade da criação e manutenção de uma startup é árdua e muitas não sobrevivem por muito tempo.

De acordo com o gestor de projetos da Associação Brasileira de Startups (ABSartups), Vinícius Machado, ainda não foi realizado um estudo oficial com as startups brasileiras, mas ele acredita que a taxa de falência delas supera a de pequenas empresas tradicionais. Além disso, a associação se baseia em uma estatística global, que aponta que nove de cada 10 startups que surgem no mundo não conseguem sobreviver. "Trata-se de um mercado novo, então há muitos entrantes, mas nem todos estão devidamente preparados e formados enquanto empreendedores", diz.

Para o gestor, um dos principais motivos da falência das startups é a falta de validação do produto no mercado. Ele explica que muitos empreendedores têm uma boa ideia, mas nem sempre ela se transformará em um negócio rentável. "Tem surgido muitos aplicativos que resolvem problemas reais, mas que não têm fonte de receita recorrente. Muitas vezes são soluções interessantes para uma campanha de marketing, por exemplo, mas não uma empresa", analisa.

Outro problema apontado por Machado é a inexistência de análise técnica dos custos do negócio. Segundo ele, muitas empresas não planejam corretamente os gastos e acabam desenvolvendo estratégias que não conseguem bancar. "Elas lançam promoções, cobrando menos que o valor real do produto, mas não conseguem fechar a conta e nem crescer de forma sustentável", diz.

Especialista em startups e executiva de negócios da B2L Investimentos, Priscila Spadinger, explica que não há uma fórmula mágica para identificar se uma empresa vai falir ou não. Mas, ela garante que há evidências que mostram que um negócio não está em um bom caminho. A primeira delas é quando o empreendedor não sabe explicar as potencialidades da própria empresa. "Ele tem que saber o que chama a atenção em seu negócio e quais são as chances de sucesso, senão estará fadado ao insucesso. Um investidor demora um ou dois minutos para decidir se investe ou não em uma empresa, então o empreendedor tem que preparar uma bela apresentação", diz.

Segundo ela, o que mais influencia na decisão de investimento em uma empresa é o grau de inovação dela. Ela afirma que há uma grande procura por soluções em áreas como educação e tecnologia e se destaca quem tiver a capacidade de criar algo realmente novo. "Sempre digo aos empreendedores para nunca falarem que estão desenvolvendo um novo Google: ninguém vai gostar disso, pois o Google já existe e precisamos de coisas novas", aconselha.

Eficiência - Priscila Spadinger também destaca a importância de se desenvolver estratégias eficientes para conquistar e manter os clientes. Ela afirma que a falta de capital é vista como a grande vilã das pequenas empresas, mas a ausência de clientes é ainda mais perversa. "Quase 60% das empresas no Brasil fecham as portas até completarem três anos e, desse total, 28% vão à falência por falta de cliente. Muitas vezes o empresário é visionário, teve uma boa ideia e até fez um estudo de mercado, mas esqueceu de captar o cliente, que é o que vai dar retorno financeiro", alerta.

A especialista explica que a falência não é mais vista como no passado, quando o fato de fechar as portas era como um atestado de incapacidade do empreendedor. Hoje, ela é encarada muito mais como uma experiência profissional e uma motivação a mais para tentar novamente. Mas, ela destaca que essa visão da falência pode ser prejudicial se o empresário não entendê-la corretamente. "Há muitos empreendedores que já abrem a startup pensando que, se der errado, tem uma família para dar suporte. Isso é ruim, pois ele acredita que não há nenhum problema em falhar, então não planeja direito. O bom empresário é aquele que faliu, mas que tem uma boa história de aprendizado por trás disso", conclui.

Fonte: Diário do Comércio

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