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O lado ruim de "vestir a camisa" da empresa

Enxergar limites para o envolvimento com o trabalho é uma capacidade rara entre executivos. Que riscos está correndo quem exagera na dose?

23/09/2014 09:44

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O lado ruim de "vestir a camisa" da empresa

O lado ruim de "vestir a camisa" da empresa

No mundo fascinado por trabalho em que vivemos, é recorrente a ideia de que bons profissionais são aqueles que “vestem a camisa” da empresa e se dedicam integralmente à carreira.

De fato, é difícil negar que esforço e dedicação contribuem para o sucesso profissional. Porém, um envolvimento desmedido com o trabalho pode ter o seu lado perverso, segundo Silvana Mello, master coach para América Latina da LHH|DBM.

A partir de sua experiência com profissionais de altos cargos executivos, ela atesta que muitos são os que confundem a fronteira entre o saudável e o doentio nessa relação.

“Vejo um excesso de autocobrança em absolutamente todos os executivos com que trabalho”, diz Silvana. Segundo ela, “só 1% cuida da qualidade de vida” e muitos se arrependem mais tarde por terem negligenciado a vida pessoal.

“Alguns me confessam que só foram conhecer seus filhos quando eles já eram adultos’”, diz a coach.

Além dos prejuízos para a vida pessoal, dedicar-se exclusivamente à carreira é algo que boicota a própria carreira, segundo Silvana. “Executivos que passam tempo demais debruçados sobre o trabalho não conseguem acessar todos os seus recursos intelectuais", diz ela. No fim das contas, em busca de eficiência máxima, acabam vendo seu próprio desempenho naufragar.

No rol de efeitos negativos dessa atitude, a perda de criatividade e de produtividade talvez seja dos menos graves. “O profissional que exagera pode sofrer um esgotamento físico e mental, e até contrair doenças sérias como a depressão”, afirma Silvana.

Por isso, Silvana acredita que o ideal de “vestir a camisa” precisa ser relativizado. “Entregar-se totalmente a uma empresa pode ser um erro grave, sobretudo se você não compartilha nenhum propósito com ela”, afirma Silvana.

Se não existe essa conexão íntima, explica ela, o risco de sentir um grande vazio, no caso de uma demissão ou outro revés profissional, é muito maior.

“O seu emprego é como um casamento: mesmo que um dia acabe, só vai ter valido a pena se algum dia existiu um vínculo genuíno”, compara.


Vale a pena se entregar?
Comer, beber e respirar trabalho pode compensar menos do que se imagina, segundo sugere um recente estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Chicago e da Universidade da Califórnia em San Diego.

O estudo avaliou as reações das pessoas a promessas de entregas no trabalho que são quebradas, mantidas ou excedidas por profissionais.

A conclusão é que dispender mais esforços para “superar expectativas” não leva a uma avaliação proporcionalmente mais positiva de uma tarefa. Em outras palavras, pessoas que entregam apenas o prometido são tão valorizadas quando as que vão além dele.

Por isso, observa a coach Silvana Mello, é fundamental ter uma visão realista sobre as expectativas do empregador quanto ao seu trabalho.

“Será que o seu empregador precisa mesmo de tanto?”, diz Silvana. “Se você não souber o que é realmente valorizado por ele, pode perder tempo e energia com entregas que talvez nem sejam percebidas como tão valiosas”.

Limites sempre existem - e não apenas para as expectativas dos seus empregadores. “Você também tem os seus, e precisa saber negociá-los com seu chefe, sua família e com você mesmo”, afirma ela.

Fonte: Exame.com

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