Cerca de R$ 1 trilhão foram arrecadados em 300 dias no ano passado. Ou seja, foram mais de R$ 5,3 mil que cada habitante contribuiu com todos os tipos de tributos. Podem ter certeza de que a maioria não ganha por mês nem a metade deste valor arrecadado por pessoa. Com o salário mínimo nacional de R$ 510, são mais de 10 meses que um trabalhador precisa para juntar todo este montante. Temos muitos motivos para enfatizar a importância de uma reforma tributária e, mesmo assim, ainda muito pouco é feito. E se engana quem pensa que isso é um problema atual. Há décadas que sempre é cogitada uma reforma no sistema tributário.
Ano passado, percebemos como uma tributação mais justa favorece o crescimento do país. Com a crise da economia instalada em todo o mundo, o Brasil resolveu tentar algumas estratégias para aquecer as vendas e, com isso, a economia nacional. O resultado positivo todos nós pudemos ver. Por um período, o governo reduziu o IPI de automóveis, linha branca e de materiais de construção.
Em 2009, verificamos um grande aumento na venda destes produtos – ou seja, a medida colocou a nossa economia em um círculo virtuoso, o que fez com que a crise não afetasse muito o mercado interno. Se compararmos com as cargas tributárias de países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), por exemplo, o Brasil é a nação com a mais alta (34%). Apenas com estes países, a competição já seria quase perdida. Mas o ponto crucial, que todos sabemos, é a distribuição de renda. No Brasil, a desigualdade social é imensa e, a cada dia, isso só piora.
Não adianta sermos a “bola da vez”. Temos que continuar a proporcionar o crescimento da economia brasileira com igualdade social. Sabemos que isso não ocorrerá do dia para noite, mas temos que, ao menos, começar, pois ainda estamos na estaca zero.
Fonte: Diário Catarinense