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Contra fraudes, BC limita avanço de fundos sobre instituições

14/02/2011 10:36

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Contra fraudes, BC limita avanço de fundos sobre instituições

O avanço dos private equity (fundos de investimento de ativos privados) sobre o capital de instituições financeiras no Brasil encontrou uma barreira: o crivo do Banco Central. A autoridade monetária está avaliando com lupa os negócios envolvendo esses investidores e, na maioria dos casos, travando as operações, principalmente as que envolvem controle acionário. Um técnico do órgão garante que o BC não quer proibir a participação dos fundos, mas apenas evitar riscos sistêmicos, fazendo uma “triagem”. O objetivo é priorizar os fundos de longo prazo e os que permitem a identificação e a responsabilização dos “donos do dinheiro” em caso de fraudes ou quebras de bancos.

O BC tem interesse no ingresso dos private equity no segmento bancário como forma de fomentar a concorrência, mas, em função da característica dessa modalidade de investimento — que tradicionalmente opera no curto prazo —, a instituição vê necessidade de fazer uma análise criteriosa das operações. Há o receio também de que parte desses fundos sejam usados para fazer lavagem de dinheiro e, em caso de fraude, mesmo existindo a figura do gestor dos recursos, ele não poderia ser responsabilizado, porque o capital não pertence a ele. José Luís Rodrigues, sócio da consultoria JL Rodrigues, avalia como positiva a postura do governo. “É preciso saber a origem do dinheiro”, afirmou.

Em 2011, a expectativa do mercado é que o segmento de private equity movimente mais de US$ 40 bilhões no país. Com o excesso de liquidez no mundo e mercados tradicionais oferecendo pouca rentabilidade e riscos elevados, os países emergentes tornaram-se o centro das atenções. O Daiwa Capital Markets America, segundo maior banco de investimentos do Japão, tem interesses em fazer operações de private equity no sistema financeiro do brasileiro e em áreas que ofereçam boas oportunidades. Nesta semana, o Daiwa promoveu uma rodada de visitas aos órgãos reguladores do país para entender as regras do jogo e tentar superar algumas barreiras.

Paralelos
Para Rodrigues, quanto maior o tamanho do negócio, mais difícil é a aprovação. Pequenas participações em bancos têm passado com mais facilidade pela área técnica do BC. O analista de mercado pondera, porém, que operações envolvendo instituições financeiras são diferentes das tradicionais. “Bancos exigem aportes constantemente e, por isso, quando você olha para esse aspecto, não é qualquer fundo que vai entrar no sistema financeiro”, avaliou.

Em razão da dificuldade de entrar no mercado bancário, parte dos private equity está buscando segmentos paralelos às instituições. Os fundos estão adquirindo os prestadores de serviços do sistema financeiro, como empresas de cobrança, de análise de crédito, call centers. As corretoras de valores também entraram na mira. Uma fatia minoritária da XP Investimento, por exemplo, foi adquirida por um fundo inglês. “Como essas empresas não administram depósitos de terceiros e não apresentam risco sistêmico, a análise é mais moderada”, observou Rodrigues.

Indústria e agronegócio
Além do sistema financeiro, os private equity estão de olho no varejo e na indústria. Os principais alvos tem sido farmacêuticas e redes de eletrodomésticos. O potencial e a força brasileira no mercado de commodities (produtos básicos com cotação internacional), somada à intensa valorização dessas mercadorias, também tem chamado a atenção dos fundos, que têm procurado o Brasil em busca de oportunidades no agronegócio e na mineração.

R$ 10 bi no PanAmericano
A Caixa Econômica Federal vai injetar algo entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões para dar liquidez ao Banco PanAmericano. A decisão veio após o anúncio de um lucro líquido de R$ 3,8 bilhões em 2010, resultado 25,5% maior que o de 2009. O desempenho foi assegurado, principalmente, pela ampliação de 41,3% no crédito concedido, para R$ 175,8 bilhões, no ano passado. Paralelamente ao reforço ao PanAmericano, o banco estatal iniciou processo contra as empresas de auditoria — Deloitte e KPMG — por não terem encontrado o rombo de R$ 3,8 bilhões no balanço da instituição de médio porte.

A Deloitte checava os balanços do PanAmericano, e a KPMG assessorou a Caixa na compra, em 2009, da participação de Silvio Santos, à época acionista do banco. O vice-presidente de controle e risco da Caixa, Marcos Vasconcelos, informou que os números do PanAmericano entrarão no demonstrativo deste primeiro trimestre. “Vai impactar nos resultados, mas ainda é prematuro dizer quanto”, afirmou.

Expansão
O setor imobiliário foi, mais uma vez, o destaque no resultado financeiro da Caixa. Apresentou aumento de 53,6% em 2010, para R$ 108,3 bilhões. Um dos principais vetores usados pelo governo para ampliar a oferta de crédito em geral e amortecer os efeitos da crise de 2008, a Caixa vem ampliando sucessivamente sua participação nos financiamentos do sistema. Só no ano passado, a fatia do banco no mercado subiu de 8,79% para 10,32%. Em 2011, a projeção do banco é de que o ritmo de expansão diminua, como resultado das medidas adotadas pelo Banco Central com vistas a diminuir e encarecer a oferta de crédito. “Nossa expectativa para 2011 é de crescer cerca de 30%”, disse a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho.

Fonte: Correio Braziliense

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