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Câmara suspende votação da MP que concede benefícios fiscais diante de impasse sobre correção do IR

DEM tentou incluir a correção do imposto de renda no texto da medida provisória, e governo derrubou a sessão para impedir a aprovação.

17/12/2014 09:10

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Câmara suspende votação da MP que concede benefícios fiscais diante de impasse sobre correção do IR

Câmara suspende votação da MP que concede benefícios fiscais diante de impasse sobre correção do IR

BRASÍLIA - Depois de quase três horas de discussão, a Câmara derrubou a sessão e não concluiu a votação da Medida Provisória 656, que concedia vários benefícios fiscais, inclusive uma anistia aos clubes de futebol. A sessão caiu depois de uma discussão sobre a inclusão na MP da proposta de correção em 6,5% da tabela do Imposto de Renda em 2015. A correção foi proposta pelo líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE). Para evitar a aprovação da correção do IR, o governo e o PT manobraram para derrubar a sessão.

Na longa sessão, a Câmara chegou a aprovar o texto principal da MP 656, com a proposta que beneficia os clubes. Mas o processo de votação foi interrompido no último item, justamente o que tratava do IR.

Para impedir a aprovação da correção da tabela, o governo e o PT pediram verificação de quorum, e a sessão caiu por falta de presença dos deputados. A proposta chegou a ser aprovada simbolicamente, mas, em seguida, foi pedida a verificação de votação para anular o resultado. Com isso, a sessão caiu. A sessão será retomada nesta quarta-feira, numa nova sessão da Câmara.

Durante a sessão, os deputados aprovaram o texto principal da MP 656, inclusive a renegociação das dívidas dos clubes de futebol sem qualquer contrapartida de melhoria de gestão e transparência. O texto, que não constava na versão original da medida provisória editada pela presidente Dilma Rousseff, parcela em até 240 meses (20 anos) as dívidas dos clubes com a Receita Federal, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e o Banco Central. O novo texto que anistia os clubes também concede descontos de 70% nas multas isoladas e de 30% dos juros. Segundo parlamentares, a dívida dos times com o Fisco é estimada em R$ 3,7 bilhões.

No caso da correção do IR, o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), fez um apelo para que a correção da tabela do IR não fosse aprovada. Os partidos governistas tinham encaminhado contra a medida, mas, depois. apenas para marcar posição, eles mudaram de posição. Todos sabiam que seria pedido uma verificação do quorum e que a sessão cairia, porque os deputados já haviam deixado o Plenário nesta madrugada.

Apenas o PT e o PCdoB ficaram contra a proposta desde o início.

— Vou pedir a verificação de quorum, não tenho outra alternativa. E não tenho como deixar isso nos ombros da presidente Dilma Rousseff — disse Henrique Fontana.

O governo encaminhou contra a proposta mesmo depois de a presidente Dilma ter prometido, durante a campanha, a correção da tabela do IR. A presidente prometeu uma correção de apenas 4,5%.

— Apenas queríamos dar a correção para a classe média massacrada — disse Mendonça Filho.

Diante da falta de quorum, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), encerrou a sessão e interrompeu a votação da MP 656. A Câmara terá novas sessões nesta quarta-feira. Mas, antes às 10h, o Congresso foi convocado para votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015. A ideia era votar a LDO na noite de terça-feira, mas a discussão da sessão na Câmara impediu isso.

O texto da MP 656 virou uma verdadeira colcha de retalhos, com a inclusão de 43 novos temas, os chamados "jabutis".

— Nossa discordância com essas 43 mudanças colocadas na MP — reclamou o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).

O Ministério do Esporte já anunciou que é contra a renegociação de dívidas sem a exigência de melhorias na administração dos times. A mudança que beneficia os clubes de futebol foi incluída durante a discussão na Comissão Especial criada para analisar a MP 656, por decisão do relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR).

A oposição percebeu a manobra e tentou retirar esse item e outros temas do texto da MP na sessão da Câmara desta noite de terça-feira, mas foi derrotada. O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), chegou a concordar com a retirada dos "jabutis", mas a maioria dos partidos, comandados pelo PMDB, manteve todos os temas no texto.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), liderou o movimento para aprovar o texto da MP 656 com todas as mudanças, como foi aprovada na Comissão Especial.

A MP 656 trata de assuntos variados e concede uma série de incentivos fiscais, como a redução de alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins.

Dentro da lista de "jabutis" incluídos no texto, há a proposta que reduz de 45% para 20% a alíquota do IPI cobrada sobre armas de fogo.

Além disso, inclui mudanças na aviação regional. Dentro do Plano de Desenvolvimento da Aviação Regional, o PMDB incluiu a construção de um aeroporto em Caieras (SP), que seria construído pelas empresas Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.

Outro trecho incluído cria novo regime de tributação para as chamadas bebidas frias: águas, refrigerantes e cervejas.

Fonte: O Globo

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