Aproximar o serviço do escritório contábil à gestão da empresa cliente será tendência dentro do segmento contabilista nos próximos anos. Para isso, os escritórios investem cada vez mais na qualificação profissional de seus funcionários e na aquisição de novos recursos tecnológicos como forma de agregar valor aos serviços e, conseqüentemente, valorizar o preço dos honorários recebidos.
Das 390 mil empresas contábeis espalhadas pelo País, 111 mil estão no Estado de São Paulo - sendo 18 mil só na capital. De acordo com pesquisa encomendada pelo Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado de São Paulo (Sescon-SP), cerca de 71% das empresas já oferecem cursos de aperfeiçoamento aos seus funcionários.
Para Antônio Marangon, presidente do Sescon-SP, a empresa que não seguir essa tendência tende a ser excluída do mercado.
"Temos de agregar mais serviços ao que oferecemos, além daqueles que nos são obrigatórios e deixar claro que o trabalho do empresário contábil pode ser útil na gestão da empresa, tanto na área de
contabilidade, quanto na gestão e no assessoramento. Hoje, a sociedade vê o
contador como um aliado do governo. Nós temos de mudar isso, mostrando que podemos também ser parceiros da empresa", afirma.
Crescimento
Escritórios contábeis como o Contact Organização Técnica Contábil e Assessoria S/C Ltda., a Organização Contábil Gratosan, o Dinni Contabilidade, o Confirp Informações Contábeis para a Gestão Empresarialde São Paulo, e o Tupi Online Contabilidade, Gestão Empresarial e Informática são exemplos de escritórios que apostam nessa tendência.
O Contact Organização Técnica Contábil e Assessoria S/C Ltda, escritório de pequeno porte, hoje com cinco funcionários, está investindo mais de R$ 250 mil na construção de um prédio para abrigar uma nova sede e investe continuamente na compra de novos equipamentos, de computadores a softwares específicos para contabilidade. Há 26 anos no mercado, tem uma carteira de 100 clientes diretos dos três setores, entre pessoas física e jurídica.
Com os novos investimentos o escritório projeta melhorar seus serviços e atingir o padrão necessário para receber a certificação dada aos melhores escritórios do País. "Com a globalização todos os escritórios de contabilidade têm a obrigação de modernizar o seu serviço", analisa o diretor da Contact Claudio da Silva.
Silva é um dos participantes do Centro de Estudos do Sindicato dos Contabilistas do Estado de São Paulo, cujas discussões são levadas para dentro do seu escritório. "Com bons equipamentos e bons serviços, conseguimos atrair clientes que optam por pagar honorários mais altos", completa. A Contact tem faturamento de R$ 50 mil mensais e estima crescer 30% nos próximos anos.
A Organização Contábil Gratosan, de Piracicaba, é outro exemplo de escritório contábil que investe em treinamento contínuo de seus funcionários e no sistema de auto-fiscalização - na qual os contadores avaliam mais de perto as contas de cada cliente na tentativa de evitar o cruzamento de dados com o fisco.
Há 35 anos de mercado e com uma carteira de 100 clientes dos setores comercial, industrial e de serviços, a empresa aposta na qualificação dos funcionários para aumentar a produtividade dos serviços de contabilidade prestados. "Orientamos bem de perto tanto os funcionários quanto os clientes em todas as obrigações acessórias com o objetivo de melhorar a produtividade, evitar erros e, conseqüentemente, multas mais pesadas", afirma Edmur Granato, diretor da empresa.
Outro escritório do ramo, o Dinni Contabilidade, de Sorocaba, criou grupos de trabalho entre seus 20 funcionários para atender de forma personalizada cada cliente. "O intuito é aproximar o cliente do contador", diz José Dini Filho, proprietário. O escritório tem 250 clientes dos três setores.
A Confirp Informações Contábeis para a Gestão Empresarial, escritório paulista de grande porte, com 800 clientes e 180 funcionários, obteve um crescimento de 30% ao ano nos últimos cinco anos no número de clientes ao investir mais de US$ 200 mil anualmente na informatização de seu serviços com a utilização de softwares corporativos e no desenvolvimento da mão-de-obra.
Segundo Reinaldo Domingos, diretor da Confirp, a qualificação é a única possibilidade de tornar seus profissionais aptos a auxiliar na gestão das empresas clientes.
Entre outros programas da empresa, há o RH Estratégico, um sistema de gestão criado pela própria Confirp. "O auxílio na gestão de empresas é de fato a maior tendência no mercado contábil", afirma Domingos. Para tornar-se referência no setor, a Confirp adotou um agressivo programa de marketing para fortalecer a marca no mercado, onde estão sendo gastos mais de US$ 100 mil ao ano.
Mercado
"A preocupação com a qualificação dos profissionais provém da maior exigência e competitividade do mercado, e pela reivindicação da classe dos empresários contábeis por uma fixação de honorários mais valorizada", defende José Maria Chapina Alcazar, vice-presidente do Sescon-SP.
Os cerca de 900 empresários reunidos em Campos do Jordão em evento do Sescon-SP na última semana analisaram os dados da pesquisa quantitativa realizada pelo Instituto Datafolha sobre os honorários cobrados do setor contábil.
A pesquisa inédita feita com 400 empresas de contabilidade associadas ao sindicato dos contabilistas do estado analisou a relação de preços entre os clientes do comércio, indústria e serviços.
De acordo com a pesquisa, a maioria das empresas (59%) corresponde aos pequenos escritórios, com média de 5 funcionários, ao passo que 24% têm entre 6 e 10 funcionários; 8% até 15 funcionários; 4% até 20 funcionários; e outros 4% com mais de 21 funcionários. Ainda conforme o levantamento, cerca de 36% cobram, em média, três salários mínimos por serviços executados, enquanto 35% cobram apenas um salário (R$ 350) e 28% cobram menos de um mínimo.Ao todo, 63% das organizações contábeis são controladas por dois sócios, enquanto 24% correspondem a escritórios individuais, controlados por somente um proprietário; 8% possuem cerca de três sócios e apenas 5% têm quatro sócios ou mais. Quanto à carteira de clientes, 32% das empresas pesquisadas possuem entre 40 a 79 clientes; 22% até 39 clientes, 20% entre 100 e 150; 13% têm mais de 151 clientes e 10% de 80 a 89 clientes.
A receita mensal de honorário, excluindo a prestação de serviços, é de R$ 10 mil, segundo 23% das empresas pesquisadas; até R$ 20 mil, para 21%; até R$ 30 mil, para 12% dos empresários; e de R$ 30 mil a R$ 50 mil, para 13%.
Fonte: DCI