As expectativas dos analistas do mercado financeiro foram coletadas pelo Banco Central na semana passada e divulgadas nesta segunda-feira (23) por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. Mais de cem instituições financeiras foram ouvidas.
A estimativa do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano recuou de 4,80% para 4,71%. Apesar de permanecer acima da meta central de inflação, que é de 4,5%, o valor está abaixo do teto de 6% fixado para 2017.
Para 2018, a previsão do mercado financeiro para a inflação permaneceu estável em 4,50%. O índice está em linha com a meta de inflação do período (4,5%) e também abaixo do teto de 6% para o ano que vem.
Taxa de juros
O mercado financeiro também voltou a baixar a sua previsão para a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 9,75% para 9,50% ao ano no fechamento de 2017. Essa estimativa pressupõe um corte maior de juros nos próximos meses. Atualmente, os juros estão em 13% ao ano.
Para fevereiro, o mercado financeiro também passou a estimar uma redução maior da taxa Selic. Até então, projetava um corte de 0,50 ponto percentual, de 13% para 12,50% ao ano, mas, na semana passada, revisou a estimativa e passou a projetar um corte de 0,75 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
A mudança acontece após o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ter indicado, em Davos (Suíça), onde participou da reunião do Fórum Econômico Mundial, que o Comitê de Política Monetária (Capom) manterá um ritmo mais forte de queda dos juros.
"Temos entrado em um novo ritmo, de 0,75 [ponto percentual de corte]. É um novo ritmo, mas, como você sabe, o ritmo pode mudar. E, se acontecer, isso muda por conta das expectativas de inflação, nossas e do mercado, e dos fatores de risco. Mas entramos em um novo ritmo", afirmou Goldfajn, na ocasião.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. A instituição tem de calibrar os juros para atingir índices pré-determinados pelo sistema de metas de inflação brasileiro.
As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços. Quando julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, o BC pode baixar os juros.
Produto Interno Bruto
Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o mercado financeiro manteve a previsão de um crescimento de 0,5% - mesma expectativa da semana anterior.
O governo estima uma alta de 1%, mas o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já confirmou que deverá revisar este número para baixo.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Em 2015, houve uma contração de 3,8%, a maior em 25 anos. O resultado de 2016 ainda não foi divulgado pelo IBGE, mas a previsão do mercado é de um "tombo" próximo de 3,5%. Essa será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de retração no nível de atividade da economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
Para 2018, porém, os economistas das instituições financeiras continuaram prevendo uma expansão maior do PIB, da ordem de 2,20%.
Câmbio, balança e investimentos
Na edição desta semana do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2017 ficou estável em R$ 3,40. Para o fechamento de 2018, a previsão dos economistas para o dólar continuou inalterada em R$ 3,50.
A projeção do relatório Focus para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2017 recuou de US$ 46 bilhões para US$ 45,6 bilhões de resultado positivo. Para o próximo ano, a estimativa dos especialistas do mercado para o superávit caiu de US$ 40,7 bilhões para US$ 40,2 bilhões.
A projeção do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2017 permaneceu inalterada, em US$ 70 bilhões. Para 2018, a estimativa dos analistas subiu de US$ 71,1 bilhões para US$ 71,4 bilhões.
Fonte: G1