A crise financeira não acendeu o sinal de alerta apenas para as empresas brasileiras. Ela também despertou a atenção dos principais bancos do país, que estudam maneiras de evitar que a recessão também afete seus negócios.
O principal receio é que o aumento no número de companhias que entram com pedido de recuperação judicial (2016 registrou a maior marca histórica de solicitações desse tipo) crie um efeito cascata que prejudique também o balanço dos bancos.
Por conta disso, instituições financeiras privadas, como Bradesco, Santander e Itaú, estão tomando medidas preventivas para evitar que mais companhias entrem em processo de recuperação ou até de falência.
Auxílio para as empresas
Uma das principais ações desenvolvidas por essas instituições é a criação de departamentos especializados na reestruturação de grandes e médias empresas.
“Criamos essa estrutura em 2015 por causa da piora na economia, do aumento das recuperações e da [operação] Lava Jato”, diz Gustavo Alejo Viviani, superintendente executivo de negócios de recuperação da área de atacado do Santander.
Essas equipes buscam por qualquer indicio de instabilidade financeira em empresas – como piora de indicadores do balanço ou atraso no pagamento de contas – para então entrar em ação.
A ideia, segundo Eduardo Armonia, diretor responsável pela área de reestruturação e recuperação de crédito de atacado do Itaú, é de se antecipar ao problema.“A queda da rentabilidade de uma empresa ou atraso de pagamento já acende um alerta para o banco”, diz.
Pente-fino
Uma vez que o país conta com um grande número de companhias com problemas financeiros, os times de reestruturação precisam fazer um verdadeiro pente-fino para determinar quem precisa de ajuda.
Após esse processo, os bancos conseguem identificar companhias que nem ao menos sabem que estão em situação delicada, conforme afirma o vice-presidente do Bradesco, Domingos Abreu, que é responsável pela área de crédito e reestruturação.
Depois de descobrir quais negócios devem ser auxiliados, os bancos oferecem um pacote de ajuda – que vai desde tomar ativos como garantia e alongar as dívidas, até buscar um novo investidor para injetar capital na empresa.
Mas ainda há muito trabalho a ser feito. Isso porque, de acordo com fontes de mercado, existe uma lista de monitoramento de cerca de R$ 300 bilhões em dívidas de médias e grandes empresas na mira de bancos para reestruturação.
Fonte: Exame.com