“A solução é mais ampla, vai ter outras mudanças”, disse Setubal, informando que bancos e emissores de cartões tem discutido com o governo medidas complementares para redesenhar o sistema de cartão de crédito.
A partir de abril, o crédito rotativo do cartão só poderá ser usado até o vencimento da fatura seguinte. Ou seja, por 30 dias. De acordo com as novas regras do Banco Central, depois disso ou cliente paga toda a dívida ou o banco oferece uma nova linha de financiamento com parcelamento da dívida e juros menores. O governo acredita que a medida reduzirá os juros cobrados do consumidor, hoje em 484% ao ano.
“Se só mexer nessa variável (rotativo), a tendência vai ser reduzir a oferta de crédito, o que ninguém quer. Precisamos encontrar uma solução em que o nível de perdas fique reequilibrado”, defendeu o presidente do Itaú.
Segundo Setubal, apesar dos juros elevadíssimos do crédito rotativo, a maior parte do crédito concedido via cartão de crédito não tem juro nenhum. “Criou-se uma distorção no Brasil. O mercado acabou caminhando para ter um preço absurdamente elevado no produto rotativo e nenhum juro no parcelado sem juros. Vamos ter que criar alguma forma de reduzir esse subsídio cruzado”, defendeu Setubal.
Ele reconheceu, entretanto que o assunto é polêmico e que será possível conciliar diversos interesses conflitantes de bancos, emissores de cartões e empresas "fundamentalmente criadas dentro desse ambiente de distorção".
'Cautelosamente otimista'
O presidente do Itaú Unibanco afirmou estar confiante com a recuperação da economia brasileira em 2017. Ele avalia que a tendência é de redução da taxa de inadimplência dos brasileiros e empresas, e de um início de crescimento do crédito.
“A gente está cautelosamente otimista com o ano de 2017, que pode até surpreender positivamente. Os sinais ainda não estão consolidados de uma recuperação forte, mas são sem dúvida bastante melhores do que eram meses atrás”, disse Setúbal em entrevista para comentar o resultado consolidado do banco em 2016.
Fonte: G1