São Paulo - Mesmo dedicada a oferecer um bom atendimento, uma empresa pode ter baixo desempenho nisso porque a equipe perde tempo em tarefas repetitivas, como transferir dados de um sistema para outro. É uma das situações que a automação robótica de processos (RPA, na sigla em inglês) promete resolver.
A automação em larga escala já é realidade para muitas organizações, seja na indústria, em bancos, no varejo ou em serviços. É uma oportunidade para transformar os processos de back office que demandam tempo e não exigem pensamento criativo, diz a consultora de soluções avançadas da Nice, Ingrid Imanishi.
Softwares de RPA são baseados em inteligência artificial, um mercado que deve movimentar no mundo todo cerca de US$ 23,4 bilhões até 2025, diz um estudo de 2016 da consultoria Research and Markets.
O conceito de RPA pressupõe um software que simula uma pessoa na execução de processos transacionais, como o registro de informações de uma planilha em um sistema qualquer, ou o monitoramento de um site, diz o sócio da consultoria Visagio, Izaias Miguel.
Segundo o especialista, o RPA não substitui sistemas como os de CRM, usados no relacionamento com o consumidor, ou os de ERP, que combinam a gestão de várias áreas de uma empresa. O RPA usa esses sistemas para extrair ou cadastrar informações. Geralmente a empresa usa alguns sistemas e mais uma série de planilhas em Excel. "Todo esse aparato não é tão integrado como deveria, fazendo com que as pessoas tenham muito trabalho para manter os processos rodando. O RPA nada mais é do que uma solução para integração desses processos de forma rápida e fácil", diz.
Miguel destaca dois benefícios da automação. O primeiro é o ganho de produtividade, tendo em vista que o robô executa esse tipo de atividade 24h por dia e de forma muito mais rápida que uma pessoa. O segundo é que a gestão se torna mais simples, pois as máquinas executam sempre o mesmo processo, dispensando treinamento e gerenciamento, além de guardarem o histórico de tudo o que fizeram.
Custo e retorno
A automação robótica é recomendada em processos com alto esforço de execução, que exijam extração ou registro de dados em sistemas ou sites, pois a ideia é que se consiga navegar por várias telas sem esforço no desenvolvimento ou integração dos sistemas.
Um exemplo é o de operadoras de planos de saúde, que diariamente recebem dados dos pacientes e precisam lançá-los nos seus próprios sistemas de forma integrada com os sistemas de hospitais conveniados e clínicas.
Além do ganho de produtividade, a solução diminui riscos de erros e fraudes e ajuda na redução de custos. "Um processo executado via RPA tem um custo aproximadamente 66% menor que o mesmo processo executado manualmente, o que é muito substancial em qualquer cenário, mas principalmente no atual, de crise econômica", diz Miguel.
O investimento necessário para a implementação depende do processo a ser automatizado e da tecnologia aplicada. Dependendo do nível de complexidade, o custo pode variar de R$ 50 mil a alguns milhões de reais, diz o diretor de Business Consulting da Stefanini, Wander Cunha.
O executivo diz que o cálculo do retorno financeiro aponta para 90% de viabilidade econômica. "Já vimos retorno do investimento acontecer em seis meses, mas boa parte acontece em um ano", diz.
Um ponto a considerar é o que uma operação muito pequena pode não ter o retorno desejado. "Gastar R$ 50 mil para substituir um único funcionário não vale a pena", explica Cunha. "O tamanho mínimo seria um tipo de atividade executada por duas pessoas, ou carga de trabalho correspondente a duas pessoas", completa Ingrid, da Nice.
A implantação de RPA deve ser precedida por uma revisão criteriosa dos processos, para identificar e potencializar as oportunidades de melhora.
Embora a automação seja uma tendência para o futuro, o robô nunca substituirá uma operação completa. "O ideal é compor robôs com soluções simples que vão dar aos funcionários que permanecerem na operação melhores condições de decisão", sugere Cunha, da Stefanini.
Fonte: DCI - SP