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Trabalhista

Presidente do TST avalia como 'razoável' intervalo de 30 minutos para almoço

Possibilidade está prevista no projeto de reforma trabalhista que tramita no Congresso. Ives Gandra Filho participou de audiência pública sobre a reforma no Senado.

11/05/2017 11:56

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Presidente do TST avalia como 'razoável' intervalo de 30 minutos para almoço

Entre outros pontos, a reforma – aprovada na Câmara e que tramita no Senado – estabelece regras para que acordos entre empresários e representantes dos trabalhadores passem a ter força de lei, o chamado "negociado sobre o legislado".

Um dos pontos que podem ser tema de acordo, segundo a proposta, é o intervalo intraturno em locais com jornada de trabalho superior a seis horas. O período pode ser usado, por exemplo, para almoço do empregado. A proposta permite que, após negociação, o tempo seja reduzido de uma hora para 30 minutos.

“Não é que necessariamente vai virar agora 30 minutos. O fato de admitir a negociação significa que não vai ser necessariamente uma hora para todas as categorias [...]. O que eu estou dizendo é que 30 minutos é algo que é razoável”, afirmou o magistrado na audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Assuntos Econômicos (CAE).

Ives Gandra Filho citou como exemplo o caso de trabalhadores do setor de transporte rodoviário que, segundo ele, procuraram a Justiça do Trabalho para pedir a redução do intervalo.

"Eles diziam: ‘Não queremos ficar uma hora aqui no posto. Em meia-hora, eu como e já quero seguir caminho, chegar mais cedo’. Nós acabamos mudando súmula do TST em relação ao trabalhador rodoviário, admitindo que a negociação deles era válida”, afirmou,

Outro participante da audiência pública, o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, criticou o possível encurtamento do intervalo intrajornada.

“Se coloca que pode reduzir para meia-hora, mas não se condiciona o fornecimento de um refeitório para os empregados. E se o restaurante mais próximo do local ficar a 15 minutos? 15 minutos para ir, 15 minutos para voltar, acabou o tempo de refeição”, disse.

Gestantes

Na audiência, o ministro Ives Granda Filho também comentou sobre o ponto da reforma trabalhista que trata do trabalho de gestantes em locais insalubres.

Atualmente, a lei proíbe que mulheres grávidas ou lactantes trabalhem em ambientes com condições insalubres. O texto sob análise do Senado prevê que a empregada gestante seja afastada das atividades consideradas insalubres em grau máximo enquanto durar a gestação.

Quando o grau de insalubridade for médio ou mínimo, ela poderá apresentar atestado de saúde, emitido por um médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento dela durante a gestação.

O ministro disse que o “excesso de protecionismo” para a gestante “está gerando uma redução do mercado de trabalho para a mulher em idade reprodutiva”.

“Uma das coisas que mais nos aflige na Justiça do Trabalho é ver que o excesso de protecionismo para a gestante está gerando uma redução do mercado de trabalho para a mulher em idade reprodutiva”, expôs o magistrado.

Esse ponto é um dos mais criticados da reforma trabalhista. Várias parlamentares demonstraram preocupação com essa alteração na legislação.

Ives Gandra Filho afirmou ainda que nenhum dispositivo do projeto da reforma trabalhista “afeta diretamente a Constituição”. Além disso, no entendimento do ministro, a proposta proporciona maior segurança jurídica.

Defensores da medida afirmam que a flexibilização das leis do trabalho é necessária porque, além de modernizar uma lei antiga, estimula a geração de empregos no país.

Isso é contestado por oposicionistas, que dizem que o aumento da oferta de emprego não passa pela reforma das leis. Para eles, a geração de postos de trabalho é consequência do aumento da demanda.

Votação

Antes de ser votada pelo plenário do Senado, a proposta de reforma trabalhista precisa passar por três colegiados da Casa. Além da CAE e da CAS, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) também se debruçará sobre o tema.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), já afirmou que, assim que a reforma passar pelas comissões – onde pode sofrer alterações –, pautará o projeto “de imediato” no plenário da Casa.

Eunício declarou ainda que o presidente da República, Michel Temer, comprometeu-se a editar uma medida provisória para fazer alterações à reforma que forem consensuais entre líderes do Senado.

O governo tem pressa na aprovação da proposta e a estratégia de editar uma MP passaria por um acordo com o Senado para aprovar o texto da Câmara sem fazer alterações.

Isso evitaria um regresso da reforma trabalhista para nova análise dos deputados, o que retardaria a sua entrada em vigor.

Fonte: G1

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