A taxa de desemprego de abril ficou em 13,6% e atingiu um contingente de 14 milhões de pessoas, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira. Trata-se da primeira queda mensal do indicador desde novembro de 2014. Apesar da queda, o desemprego se mantém acima do patamar registrado em abril do ano passado.
O IBGE divulga mensalmente a taxa de desemprego, calculada por meio de uma média móvel trimestral.
A taxa de abril é menor do que a registrada no trimestre encerrado em março, quando ficou em 13,7%, correspondendo a 14,2 milhões de desempregados.
Desde o trimestre terminado em novembro de 2014, quando houve queda na comparação com o outubro daquele ano, o índice de desemprego teve crescimento constante.
Índice ainda é elevado
Nas duas bases de comparação apresentadas pelo IBGE, no entanto, a taxa de desocupação apresentou alta. Em relação ao trimestre terminado em janeiro, o aumento foi de 1 ponto percentual. Já quando comparada com o trimestre encerrado em abril do ano passado, quando a taxa ficou em 11,2%, houve um aumento de 2,4 pontos percentuais no índice. Além disso, a taxa de 13,6% é a maior para trimestres terminados em abril desde 2012, quando foi de 7,8%.
“Se observa uma desaceleração tanto do crescimento da desocupação quando da queda da população ocupada. Isso pode ser um sinal de que estamos diante de um processo de recuperação”, considerou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
O pesquisador enfatizou que é preciso ter cautela para apontar melhoria no mercado de trabalho. Isso porque, apesar da desaceleração do crescimento, em abril o país tinha 1,1 milhão de pessoas desempregadas a mais que em janeiro e 2,6 milhões a mais que o registrado em abril do ano passado.
Redução de carteira assinada bate recorde
No trimestre terminado em abril, havia no país 89,2 milhões de pessoas ocupadas no país - 700 mil pessoas a menos ocupando postos de trabalho do que no trimestre terminado em janeiro e 1,4 milhões a menos que no trimestre terminado em abril do ano passado. A queda foi de, respectivamente, 0,7% e 1,5%.
“Em três anos, o Brasil perdeu 3,5 milhões de empregados. Deste total, 96% foi de postos de trabalho com carteira assinada”, enfatizou Cimar Azeredo.
O número de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada, estimado em 33,3 milhões de pessoas, caiu 1,7% na comparação com trimestre de novembro de 2016 a janeiro de 2017 (menos 572 mil pessoas). Frente ao trimestre de fevereiro a abril de 2016, houve queda de 3,6%, o que representou a perda de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas nessa condição.
De acordo com o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, foi o menor patamar de pessoas ocupadas com carteira de trabalho assinada de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
Indústria volta a empregar
Na análise do contingente de ocupados por atividade, em relação ao trimestre de novembro de 2016 a janeiro de 2017, houve expansão nos grupamentos indústria geral (1,8%) e alojamento e alimentação (3,0%). No mesmo período, houve queda nos grupamentos agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-2,4%), construção (-4,1%) e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-2,6%). Nos demais grupamentos, o quadro foi de estabilidade.
“Depois de três anos sem aumento do contingente ocupado na indústria, ela começa a apresentar sinais de recuperação. Mas precisamos ter cautela ao observar esse crescimento. É preciso aguardar o fechamento de mais um trimestre para observar essa recuperação”, disse Cimar Azeredo.
Segundo Azeredo, em 2012 a indústria respondia por 14,8% da população ocupada no país. Atualmente, ela representa 12,9% do total de ocupados
Renda
De acordo com a Pnad, o rendimento médio habitualmente recebido em todos os trabalhos (R$ 2.107) ficou estável tanto em relação ao trimestre terminado em janeiro (R$ 2.095) quanto na comparação com o trimestre terminado em abril do ano passado (R$ 2.052).
Quando analisado por grupamentos de atividade, com exceção dos trabalhadores domésticos, que tiveram alta de 1,9% no rendimento em relação ao trimestre móvel de novembro de 2016 a janeiro de 2017, todos os demais grupamentos se mantiveram estáveis nessa comparação, de acordo com o IBGE.
Fonte: G1