São Paulo - Com orçamentos familiares mais baixos, empresas de turismo e lazer apontam para negociação mais acirrada com pais na temporada de julho. Mesmo assim, acampamentos esperam taxas de ocupação média entre 80% e 90% e agências de turismo projetam alta da receita de dois dígitos.
"Esperamos atingir entre 80% e 90% das vagas e é algo bom, mas se comparado com outras temporadas, em 50% dos acampamentos é comum atingir quase 100%", afirma o presidente da Associação Brasileira de Acampamentos Educativos (Abae) e diretor do Acampamento Turma dos Leões, José Cury Filho.
Segundo o executivo, além dos orçamentos familiares mais curtos, a Classe C que nas últimas temporadas começou a frequentar os acampamentos, acabou retraindo novamente. "Este ano a sensação de crise está mais acentuada", comenta Cury.
No acampamento Turma dos Leões, por exemplo, a velocidade de vendas desacelerou. Em 2016, 15 dias antes do inicio da temporada de julho já haviam sido preenchidas 60% das vagas e no mesmo período de 2017 estava em 40%. "Vemos a mesma demanda por pesquisa e procura, mas estamos negociando mais. As pessoas parecem estar mais apertadas", coloca.
"Temos até sentido uma demanda maior, mas o preço está menor. Tanto que muitas mães se mobilizaram e negociaram preços melhores com os grupos de amigos dos filhos", complementa a gerente do Grupo Peraltas, Marília Rabello. De acordo com ela, a expectativa do acampamento Peraltas é receber o mesmo fluxo do ano passado, contudo, o esforço para atingir a meta tem sido maior. Além dos descontos em média de 7%, a executiva comenta que tem realizado ações mais criativas para ter uma demanda maior. "Fechamos parceria com o Orlando City Soccer School para fazer uma temporada temática", conta. Uma atração será a presença do jogador Edmilson, pentacampeão mundial.
"Para superar a sombra da crise, todos os acampamentos estão intensificando a divulgação e oferecendo planos de pagamento prolongado [como o cartão de crédito, antes pouco usado] para atingir a demanda de 2016", diz Cury da Abae.
Pacotes de viagens
No caso das agências de turismo, que vinham sentindo de maneira intensa o impacto da crise nos últimos anos, houve um respiro na temporada de julho. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav Nacional), Edmar Bull, a expectativa é que as agências tenham alta de dois dígitos na receita sobre um ano antes. "O perfil mudou um pouco, as pessoas estão mais exigentes e com orçamentos mais curtos. Eles estão pedindo várias cotações, mas negociamos com fornecedores e adaptamos os pacotes. Mesmo com os pacotes mais baratos, o número de pessoas está maior e isso aumentará a receita", detalha ele.
Entre as agências de viagens de intercâmbio a busca também cresceu. Segundo a Experimento, do Grupo CVC, a partir de 27 de junho a companhia embarcará semanalmente grupos de férias para Canadá, Inglaterra, Estados Unidos e França. Só no dia 4 de julho serão 120 jovens para o Canadá, lotando uma aeronave. Estimasse que o número de jovens no mês seja o dobro do volume embarcado em julho de 2016.
Segundo o diretor de operações da Belta (Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio, na sigla em inglês), Allan Mitelmão, a expectativa é que o turismo educacional tenha alta entre 7% e 10% da demanda, acompanhando o resultado do primeiro trimestre. "Depois da queda em 2015, tivemos alta de 14% em 2016 e este ano o crescimento real se confirma e fica mais forte", diz.
Mesmo que em volume de passageiros, os nichos de jovens de ensino médio e universitários se mantenham como os principais, o executivo ressalta que o turismo educacional familiar foi o que mais cresceu. Para ele, além do crescimento orgânico, ele destaca que com a crise muitas famílias buscam opções familiares que proporcionem a qualificação necessária para se destacar na crise. "Além disso, com o aumento da migração, alguns usam a experiência como um teste", coloca.
Fonte: DCI