Tendo como ponto de partida a mediana das projeções para a inflação reunidas Boletim Focus, do Banco Central, em 3,29%, é possível dizer que os preços fecharão 2017 próximos de 4%.
Dessa forma, a alta dos tributos neste ano afasta a hipótese de a inflação encerrar 2017 abaixo do piso fixado para a meta, de 3%, como já sinalizavam algumas previsões.
Além disso, evita pressão adicional sobre os preços no próximo ano, pois a medida, dizem economistas, teria de ser inevitavelmente adotada.
O movimento já era esperado pelo mercado, mas não na intensidade anunciada. O que ilustra, dizem economistas, o quanto o governo precisa reanimar a arrecadação e fechar suas contas.
O anúncio de alta dos tributos foi feito no dia em que a prévia da inflação de julho caiu para 2,8% em 12 meses, abaixo do piso da meta.
Economistas dizem, porém, que os efeitos da alta dos tributos são mais amplos. O diesel mais caro, por exemplo, pode elevar o custo do frete e do transporte público.
Flavia Serrano, do Haitong, espera impacto conjunto da elevação de tributos sobre gasolina, diesel e etanol de 0,50 ponto sobre a inflação.
A inflação esperada para o ano (+3,6%) já incorporava certo aumento dos tributos. Mas, como a alta veio mais forte do que o esperado, os preços devem subir 3,8% no ano.
Márcio Milan, da Tendências, estima efeito de 0,63 ponto sobre os preços, o que também levará a um IPCA de 3,8%.
Para Leonardo Costa, da Rosenberg, o impacto será de 0,5 ponto. Com isso, a projeção para o IPCA do ano muda de alta de 3% para 3,5%.
Por: Flávia Lima
Fonte: Folha de São Paulo