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Febraban: Caixa e Banco do Brasil devem sair da entidade por discordância política

Bancos criticam posição da entidade sobre manifesto articulado por Skaf que pede harmonia entre Poderes.

30/08/2021 15:30

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Febraban: Caixa e Banco do Brasil devem sair da entidade por discordância política

Febraban: Caixa e Banco do Brasil devem sair da entidade por discordância política Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Um manifesto articulado por Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), fez com que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil ameaçassem deixar a Febraban, entidade que representa os bancos no país.

O documento, que ainda está sendo redigido e que deve ser publicado nos próximos dias, mostra preocupação com a escalada da crise entre os Poderes, pede pacificação e defende as reformas. O possível desembarque foi antecipado pelo jornal O Globo e confirmado pela Folha.

O movimento dos dois bancos já é de conhecimento do ministro Paulo Guedes (Economia), do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do presidente Jair Bolsonaro.

A origem do problema são as mensagens enviadas por Skaf a entidades e sindicatos pedindo assinaturas ao manifesto. No texto, segundo antecipou o Painel S.A., ele diz que “mais do que nunca, o momento exige aproximação e cooperação entre Legislativo, Executivo e Judiciário e ações para superar a pandemia e consolidar o crescimento econômico e a geração de empregos”.

Segundo pessoas que acompanham a elaboração do documento, nenhum poder é citado especificamente, mas todos simultaneamente. A Folha apurou que as versões redigidas até o momento não citam o presidente ou qualquer outra autoridade.

Segundo apuração, no início da semana passada, Caixa e BB comunicaram a decisão de deixar a Febraban, caso ela assinasse o documento. Ainda assim, no fim da semana, a entidade pôs em votação o tema, e a maioria aprovou a adesão. Tão logo o documento seja divulgado, Caixa e BB oficializam a saída da entidade.

Oposição ao governo Bolsonaro

Os dois bancos questionam que a Febraban não se posicionou da mesma maneira em outros momentos da história recente, como no caso do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) ou da Operação Lava Jato.

A avaliação é que, ao aderir a um documento que fala em crise institucional, a entidade estaria abrindo oposição ao governo Bolsonaro e se equiparando a um partido político —o que é qualificado como absurdo na alta gestão dos bancos públicos.

Executivo ligado a uma das instituições falou, na condição de não ter o nome revelado, que também causou descontentamento os trechos do documento que falam da necessidade de fomentar crescimento e emprego, como se o governo Bolsonaro não estivesse entregando resultado na economia.

Esse executivo argumenta que houve expansão do PIB (Produto Interno Bruto) e há aumento de contratações com carteira assinada nos números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Nas palavras de um integrante do governo, não é razoável que bancos públicos federais façam oposição ao governo —e seu acionista—, e seria natural que deixassem a Febraban se for oficializado que ela aderiu ao manifesto.

Segundo pessoas do governo que acompanham a discussão, um dos principais articuladores do desembarque é Pedro Guimarães, presidente da Caixa, que tem relacionamento muito próximo a Bolsonaro e seus filhos. Guimarães tem dito para quem acompanha o caso que a Caixa tomou a decisão internamente, sem nenhuma interferência do governo.

No BB fala-se em "constrangimento" em participar de uma entidade que assina um documento com críticas a seu maior acionista, o governo federal.

Manifestações contra o governo

Além da crise envolvendo a Febraban, o governo está incomodado com as manifestações contrárias à gestão Bolsonaro feitas por empresários nas últimas semanas. A avaliação é que o setor empresarial subiu o tom.

Causaram mais descontentamento ainda manifestações críticas feitas por banqueiros e executivos do alto escalão de instituições financeiras, tanto as de caráter reservado quanto –e, principalmente– as que ocorreram de forma pública. Além de assinarem manifestos, alguns deram entrevistas questionando a gestão Bolsonaro.

Causou estranhamento que num manifesto de apoio ao sistema eleitoral – alvo de críticas e ameaças do presidente – constasse nomes importantes do setor financeiro, como Moreira Salles, do Itaú Unibanco. Também não foi bem recebido que executivos dessem entrevistas com críticas, caso de José Olympio Pereira, presidente do Credit Suisse no Brasil.

Na avaliação do governo, Skaf articula o manifesto por ter sido preterido politicamente. Ele buscou apoio de Bolsonaro para se lançar ao governo paulista na eleição de 2022, mas o presidente tem sinalizado que vai optar pela candidatura do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

Nesse contexto, a adesão da Febraban ao documento da Fiesp seria uma espécie de gota d'água. 

Fonte: com informações da Folha de S.Paulo

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