Liderança tem ligação com relações comportamentais. As pessoas seguem o líder, não por causa do cargo que ele ocupa, mas pelo que ele representa dentro da organização. Quem está na chefia, muitas vezes trabalha apenas orientado para os resultados. “Quem que exige as tarefas a tempo e a hora, com ‘chicote’ na mão é o chefe e não o líder.”
Saiba usar moedas de troca
O verdadeiro líder não é um gerente de controle. Ele desafia seus funcionários e dá autonomia para que eles atinjam os objetivos e entende como usar as moedas de troca. As mais comuns no ambiente das pequenas empresas são: flexibilidade de horário, autonomia nas decisões, ambiente desafiador, responsabilização, principalmente, para os jovens e participação nos resultados.
Trabalho de forma inteligente
Empresas querem resultados. Liderar tem a ver com energia positiva, entusiasmo e, se o líder transmite para a equipe essas características, as metas são conquistadas de forma muito mais agradável. A figura de um líder e a expectativa sobre ele é de que seus liderados atinjam os objetivos sem sofrimento. Trabalho duro é diferente de trabalho inteligente.
Construa relações duradouras
Não julgue o funcionário por momentos isolados ou problemas episódicos. É muito diferente tirar uma fotografia de uma situação negativa de avaliar um colaborador por toda a sua história na empresa. Às, vezes, num julgamento apressado, toma-se a decisão de demitir. Mão de obra qualificada é rara no mercado e você pode já ter despendido tempo com treinamento. Quem é funcionário de uma empresa já apreendeu a cultura daquela organização e um novo colaborador vai precisar de tempo para se ambientar.
Saiba criar um ambiente agradável
Ambientes bem trabalhados pelo líder conquistam permanência dos funcionários não apenas pela remuneração. Respeito, confiança e humildade em reconhecer seus próprios erros são fundamentais. Se você tem um funcionário que conseguiria uma melhor remuneração no mercado, invista na criação de um ambiente atrativo para ele.
Seja aberto a ouvir equipe, clientes e fornecedores
O verdadeiro líder é aberto a críticas e sugestões. Ele se dispõe a escutar, não apenas os clientes, mas fornecedores e funcionários ainda que contrários às suas ações. Mesmo que eles defendam opiniões e rumos diferentes dos planejados, o líder não descarta essas informações. Ele filtra o conteúdo, peneira o que faz sentido para seu negócio e ajusta seus planos e metas também com base nessas conversas. Os debates nunca são levados para o lado pessoal, pois o líder consegue separar o que é pertinente para a empresa daquilo que pode ser descartado.
Segundo o consultor do Sebrae-SP, serviço de apoio à empresa, Fábio Gerlach liderar é também saber identificar qual o perfil do colaborador. Na medida em que se entende o tempo de sua equipe, o líder consegue tirar o melhor de cada um de seus integrantes.
Além de saber fazer essa leitura comportamental, a liderança prima pelo respeito e compreensão. “Se não há respeito e não se cria uma relação de confiança, o líder, em vez de se ocupar com planejamento e estratégias, terá de acompanhar cada passo de sua equipe. Monitoramento é importante, mas não precisa ser diário, nem presencial.”
Sócio-diretor da Empreenda Consultoria de gestão e RH, César Souza destaca os principais erros de liderança cometidos por micro e pequenos empreendedores. “Quando tudo vai bem, não se pensa em sucessão. Tem de haver tanto o substituto imediato, quanto aquele que sucessor de longo prazo, que será trabalhado desde que o negócio começa a operar.”
Outro ponto negativo é a mistura de aspectos do negócio com os pessoais, desde finanças até normas básicas de formalidade. Quando o líder se cerca de familiares é outro problema, porque, aos olhos dos demais funcionários e para prejuízo da empresa, não há meritocracia.
Na visão do especialista, uma boa forma de superar essas dificuldades é ter alguém como mentor. “Pode ser o dono de uma empresa maior ou até mesmo, por meio de capacitação. O Empretec do Sebrae é um bom programa.”
Liderança deve ser exercida com clientes e fornecedores
César salienta ainda que, principalmente em empresas menores, é mito achar que a liderança só é exercida com os funcionários. Ela faz parte da gestão de clientes, de fornecedores e de resultados.
No trato com os clientes, o líder exerce seu papel ao educá-los sobre o produto ou serviço que oferece, ajudando-os a escolher a melhor opção em seu portfólio. Ao fechar compras, quando exige prazo de seus fornecedores, quando contrata novos empregados, treina ou demite. “Para pequenos empreendedores, liderança é 24 horas, sete dias por semana.”
Em todos esses momentos, o líder deve se distinguir pela coerência entre o que faz e o que diz. É o bom e velho “dar o exemplo”, de forma intensa, na linha de frente. “O líder tem de ser um educador se deseja crescer. Deve educar clientes, fornecedores e equipe dentro do espírito do negócio que criou, vibrando e fazendo os outros vibrarem com sua empresa.”
Liderança se aprende com vivência e, também, na relação com os liderados
Professora do Progep (Programa de estudos em gestão de pessoas) da FIA (Fundação Instituto de Administração), Elza Veloso aponta características que devem ser perseguidas, como ambição e energia, desejo de liderar, autoconfiança e conhecimento aprofundado do trabalho e das pessoas.
Segundo ela, com o amadurecimento e a vivência da empresa, um chefe ou dono pode aprender a ser o líder de seus empregados. “Isso porque a liderança é contextual. Ela depende também dos liderados e da situação.”
Entre os estilos de liderança ela aponta o democrático – mais voltado às pessoas – e o autocráticos, cujo foco é a produção. Para a especialista, o ideal é saber equilibrar ambos. Por isso, quem busca ser um líder deve ter consciência de qual tipo é preponderante em sua personalidade, para compensá-lo de acordo com a necessidade.
Fonte: Izabela Ferreira Alves Do UOL, em São Paulo