O saldo da carteira total de crédito em 2022 deverá crescer, ao menos, 7,6% em 2022, revela a Pesquisa FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) de Economia Bancária e Expectativas, avançando em relação ao levantamento anterior, feito em dezembro, e que projetava uma expansão de 6,7%.
A melhoria na estimativa reverte a tendência de piora nas projeções que ocorriam desde setembro do ano passado. A pesquisa, realizada com 18 bancos entre 9 e 15 de fevereiro, também trouxe a primeira projeção para o mercado de crédito em 2023, em que a expansão esperada é de 6,6%.
A Pesquisa FEBRABAN é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O atual levantamento reuniu as percepções de 18 bancos sobre a última Ata do Copom e as projeções para o desempenho das carteiras de crédito para o ano corrente e o próximo.
A melhora nas projeções deste ano reflete especialmente o bom momento do mercado de crédito e as surpresas positivas trazidas pelos dados mais recentes do Banco Central, como o avanço de 16,5% da carteira em 2021, movimento que pode prosseguir nos próximos levantamentos, conforme revisões sejam feitas pelas instituições financeiras.
As revisões positivas de 2022 ocorreram tanto na carteira com recursos livres, passando de estimativa de avanço de 8,2% para 9,4%, como na de recursos direcionados, que passou de alta de 4,1% para 5%. Além disso, a pesquisa mostrou também revisão (pequena) para baixo na expectativa para a taxa de inadimplência. No levantamento de dezembro era esperada uma taxa de 3,8% para o fim desse ano, ao passo que na pesquisa atual, a estimativa é de 3,7%.
PIB e Inflação
A maioria dos participantes da pesquisa (66,7%) espera alguma expansão do PIB (Produto Interno Bruto) para 2022, de até 0,5%.
Quanto ao cenário inflacionário, a pesquisa captou que a maioria dos participantes (77,8%) entende que o Banco Central não conseguirá entregar a inflação no intervalo da meta (teto de 5,0%) em 2022, embora o indicador deva convergir para o centro da meta (3,25%) em 2023.
Selic
A Pesquisa de Expectativas da FEBRABAN apontou que a maioria (72,2%) dos participantes entende como adequada as sinalizações contidas na Ata da última reunião do Copom, em relação à condução da política monetária, e que serão suficientes para que a inflação volte para o centro da meta, ainda que apenas em 2023.
Há estimativa de um aumento de 1,0 ponto percentual na reunião de março, seguida de alta de 0,5 ponto percentual no encontro de maio, com a Selic terminando o atual ciclo de ajuste em 12,25%. Destaque-se, contudo, que algumas instituições financeiras acreditam que a Selic pode chegar ao patamar de 12,75% ao ano no decorrer do ciclo atual de ajuste monetário.
Política Fiscal
Diante da preocupação do Copom com políticas que piorem a trajetória das contas públicas, como a PEC dos Combustíveis, 66,7% dos participantes acreditam que a equipe econômica deveria conter as propostas mais agressivas e que contemplam um expressiva queda na arrecadação, que poderia chegar a R$ 100 bilhões.
O risco aqui é de piora adicional da confiança do mercado na sustentabilidade da política fiscal. Por isso, a expectativa predominante é que o governo consiga conter estes excessos e limite o custo da medida a no máximo R$ 50 bilhões no ano.
Cenário Internacional
A expectativa em relação ao ritmo de elevação dos juros nos EUA não teve consenso dos participantes. Entretanto, a percepção geral é de que o ajuste monetário nos EUA será mais célere que o esperado pelo mercado até o momento.
Fonte: Febraban