O fôlego da economia brasileira para o crescimento pode estar abaixo de 4% ao ano, segundo pesquisa do Deutsche Bank. O banco avalia que a baixa produtividade e dificuldade de investimentos são barreiras à expansão.
Segundo modelo elaborado pelo departamento de pesquisas do banco alemão, o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do Brasil permite um crescimento de 3,7% neste ano.
O número ilustra a dificuldade do país em elevar a taxa de expansão da economia, e pode significar um problema a mais nos planos do governo - cuja meta é crescer 4% neste ano.
A projeção do banco é que o Brasil cresça 3,2% em 2012, após uma expansão de 2,7% no ano passado.
"Mesmo com a melhora nos últimos oito anos, o crescimento do Brasil tem sido historicamente baixo, especialmente quando comparado a outros países emergentes", afirmou o analista José Carlos de Faria, do Deutsche Bank, em relatório enviado aos clientes do banco.
O PIB potencial indica o quanto a economia supostamente pode crescer sem exceder sua capacidade e criar pressões inflacionárias.
Dentre os fatores que influenciam a estimativa do produto potencial estão os baixos investimentos no setor produtivo. O analista afirma que a baixa taxa de poupança limita a expansão dos investimentos, por dificultar o financiamento desses gastos.
"O baixo investimento reflete, em grande medida, a baixa taxa de poupança", afirma. Em média, a taxa de poupança correspondeu a 16,9% do PIB nos últimos 10 anos, enquanto o investimento atingiu 17,3% no mesmo período.
Na visão do analista, o sistema de previdência do país desencoraja as famílias a pouparem. "Acreditamos que o sistema generoso de seguridade social do Brasil é um dos motivos pelo qual a taxa de poupança é tão baixa", diz o analista.
Outras razões que bloqueiam a poupança, segundo o banco, são a alta carga tributária e a estrutura etária da população.
Outro entrave ao crescimento, na visão do analista, é a produtividade da economia - o que é influenciado pelo avanço tecnológico. O banco calcula que a produtividade da economia brasileira teve expansão de apenas 0,3% em 2011.
Na média dos últimos anos, a produtividade está crescendo 1,2% ao ano, taxa que considera "relativamente fraca".
O analista aponta ainda outros fatores que bloqueiam o crescimento do país. Os problemas são conhecidos: gargalos na infraestrutura e um sistema educacional ineficiente.
"O Brasil investe cerca de 2% do PIB em infraestrutura, o que é apenas o bastante para compensar a depreciação e o crescimento populacional", diz.
Fonte: Brasil Econômico