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23 milhões de pessoas

Pobreza: Brasil tem quase 'uma Austrália' de pessoas vivendo com menos de R$ 7 por dia

Dados levantados pela FGV Social mostram que, ao todo, o país tem 10,8% da população vivendo abaixo da linha básica da pobreza.

25/06/2022 09:00

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Brasil tem quase ‘uma Austrália’ vivendo abaixo da pobreza

Pobreza: Brasil tem quase 'uma Austrália' de pessoas vivendo com menos de R$ 7 por dia Pixabay

Dados da FGV Social, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, mostram que o total de brasileiros abaixo da linha básica de pobreza no país atingiu recorde no fim de 2021, com 23 milhões de pessoas.

O número impressiona por quase equivaler a uma Austrália vivendo com menos de R$ 210 ao mês (R$ 7 ao dia). Isso equivale a 10,8% dos brasileiros.

Embora baixo para suprir as necessidades básicas, o valor é usado como critério de elegibilidade a algum benefício pelo Auxílio Brasil, o que significa que milhões de brasileiros que teriam direito a entrar no programa seguem excluídos.

Além do recorde no total de pessoas vivendo com menos de R$ 210 ao mês, em série iniciada em 2015, os mais pobres foram submetidos a volatilidade extrema nos seus rendimentos. 

Eles variaram muito nos últimos dois anos, com a adoção do Auxílio Emergencial na pandemia, o fim do Bolsa Família e a indefinição até a criação atual Auxilio Brasil.

42,1% entre 2020 e 2021, correspondendo a 7,2 milhões de novos pobres em relação a 2020 e 3,6 milhões em relação à pré-pandemia.

"Além da elevada desigualdade social e do baixo crescimento econômico dos últimos anos, os mais pobres têm sofrido muito com a 'montanha-russa' no valor de seus rendimentos, o que é muito ruim para o planejamento e bem estar da população", afirma o economista e diretor do FGV Social, Marcelo Neri.

Renda familiar 

Nessa "montanha-russa", a renda domiciliar per capita mensal dos 10% mais pobres vinha em queda antes da Covid-19 e despencou a menos da metade no início do isolamento social (de R$ 114 em novembro de 2019 a R$ 52 em março de 2020). 

Deste mínimo, foi mais do que quadruplicada até seu pico histórico, em agosto de 2020 (R$ 215), na fase mais generosa do Auxílio Emergencial.

Depois, desabou a pouco mais de um quarto com a suspensão do programa em janeiro de 2021 (R$ 55). A retomada do benefício, com cobertura e valores reduzidos, recuperou parcialmente a renda dos mais pobres (R$ 113 em agosto de 2021), com tendência de novo recuo nos últimos meses do ano, ficando 15,8% abaixo do nível pré pandemia (R$ 96 em novembro de 2021).

Segundo Neri, pesquisas mostram que quase dois terços dos 40% mais pobres no país normalmente contam com a ajuda de parentes e amigos para sobreviver no dia a dia. "Como agora estão todos na mesma, essa rede de ajuda ficou muito limitada."

De acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, Rede Penssan, 33 milhões de pessoas hoje passam fome no Brasil; e 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar.

Neri lembra que, desde o início dos anos 1970, o Brasil figura como um dos maiores recordistas em inflação no mundo, mesmo após o Plano Real, em 1994 -o que é extremamente prejudicial aos mais pobres.

"A imprevisibilidade na renda só piora esse quadro. Agora mesmo há a tentativa de baixar os preços da gasolina, que devem voltar a subir em 2023", afirma.

Fonte: com informações da FOLHAPRESS / O Tempo

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