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ECONOMIA CIRCULAR

Geradores resíduos: economia circular pode ser a solução para tirar Brasil da 5ª posição

Conceito econômico traz para o debate público o conceito de regeneração, em que uma indústria como um todo deve se preocupar com o impacto do seu produto e serviço na sociedade.

30/07/2022 12:00

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Brasil conseguirá sair da 5ª posição dos geradores de resíduos?

Geradores resíduos: economia circular pode ser a solução para tirar Brasil da 5ª posição Pixabay

Quando se fala em economia circular, um dos pontos principais é a necessária participação de grandes empresas para que os impactos dos serviços e produtos sejam sentidos na sociedade de forma rápida e que ajudem a mudar o modelo de consumo adotado até então.

Pensando nisso, nos últimos anos, novas empresas e startups têm se dedicado a esse propósito, promovendo a transformação de modelos de negócio com a intenção de melhorar a utilização e reaproveitamento dos recursos.

Para isso, a ideia utilizada é a natureza como fonte de inspiração, em uma economia na qual os recursos não renováveis são apenas um repositor do sistema e não a fonte principal de abastecimento.

Justamente por isso, a maioria destas novas empresas criam e defendem soluções como plataforma de trocas, extensão de vida útil dos produtos, reciclagem e recuperação, entre outros.

Os atuais hábitos de consumo da humanidade caminham para a preocupante situação, em que, até 2050, o mundo passará a consumir como se houvesse três planetas, alerta o comissário do Ambiente, Oceanos e Pescas da Comissão Europeia,  Virginijus Sinkevičiu.

Isso pode até parecer uma realidade distante, mas especialistas de diversas áreas mostram que não é.

O conceito de economia circular surge como um contraponto ao modelo econômico linear:

  1. Extração de matéria-prima;
  2. Transformação;
  3. Uso;
  4. Descarte de resíduos.

Trazendo para o cenário brasileiro, estima-se que perdemos todos os anos mais de R$8 bilhões em materiais que, após o uso, são levados para aterros e lixões clandestinos.

Para se ter uma ideia, nesses lugares insalubres temos mais de um milhão de pessoas vivendo e trabalhando todos os dias.

Sem contar que, segundo a Green Eletron, os brasileiros estão na 5ª posição dos maiores geradores globais de resíduos eletrônicos, com mais de dois milhões de toneladas descartadas só no ano de 2019, registrando uma reciclagem de menos de 3% desse total.

Modelo econômico com oportunidades

Com base nos dados, torna-se urgente a adoção de um modelo econômico que traga oportunidades para o melhor uso dos recursos naturais e aumento da competitividade da indústria.

Com a economia circular, tem-se o poder de associar o desenvolvimento econômico ao melhor uso de recursos naturais, por meio de novas oportunidades de negócios e da otimização na fabricação de produtos.

Com isso, a intenção é depender menos de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis.

Apesar disso, o processo de implantação da economia circular não é algo simples, pois será necessário mexer nos métodos, processos, políticas e estruturas para gerar mudanças.

O estudo da Green Eletron aponta que, por exemplo, 87% dos dois mil entrevistados já ouviram falar sobre lixo eletrônico, mas 33% acreditam que o assunto refere-se a mensagens de spam, e-mails, fotos e arquivos, e não aos equipamentos.

Uma pesquisa recente realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), sobre o perfil dos consumidores brasileiros, mostra que 38% dos entrevistados sempre verificam, ou verificam às vezes, se os produtos foram produzidos de forma ambientalmente correta.

O levantamento revela que os brasileiros também têm mais consciência sobre o destino do lixo.

O número de pessoas que separa o lixo para reciclagem cresceu 47%, em 2013, para 55%, em 2019, mostrando um crescimento de 8%.

Pelo lado da indústria, o mesmo estudo mostra que 76,5% delas desenvolvem iniciativas de economia circular, mesmo que a maior parte não saiba que as ações se enquadram nesse conceito.

Entre as principais práticas elencadas pelos respondentes estão:

  • Otimização de processos (56,5%);
  • Uso de insumos circulares (37,1%);
  • Recuperação de recursos (24,1%).

E 88,2% dos entrevistados avaliaram a economia circular como importante ou muito importante para a indústria brasileira. 

Nas sociedades mais desenvolvidas, têm ganhado força e sentido a economia circular. 

Na comparação com a economia linear, nesse conceito de circulação, há mudanças significativas na etapa inicial (extração) e final (descarte), nas quais se aplicam os conceitos de reutilização, recuperação ou reciclagem. 

Desse modo, além de ampliar a vida útil dos produtos, a dinâmica promove o melhor uso dos recursos naturais do planeta, enquanto democratiza o uso dos itens, como acontece, por exemplo, no mercado de smartphones recondicionados, que cresce 15% ano a ano, de acordo com o Global Refurbished Smartphone Tracker, da Counterpoint Research.

Visando pelo prisma das indústrias, essa tendência tem como objetivo fazer com que as empresas não apenas reduzam custos e perdas produtivas, mas também criem novas fontes de receita, por exemplo, com estímulo à inserção de matéria-prima secundária nos processos produtivos e fomento ao mercado de troca de resíduos. 

A economia circular pode ainda contribuir para promover o desenvolvimento de novos elos na cadeia produtiva, por meio de práticas promovidas por este modelo, tais como:

  • Otimização de processos;
  • Produto como serviço;
  • Compartilhamento;
  • Extensão da vida do produto;
  • Insumos circulares;
  • Recuperação de recursos;
  • Virtualização.

Porém, é necessário que o desenvolvimento da consciência coletiva sobre a importância da reciclagem de resíduos aconteça o mais rápido possível. 

Ao longo dos últimos anos, como uma evolução do comportamento, fomos nos acostumando a separar os nossos resíduos e reciclar materiais como papel, alumínio, plástico, vidro, mas existem muitos outros materiais e produtos que merecem e podem passar por processos de reciclagem, que fazer bem para a sociedade e para o meio ambiente. 

Todos estes dados demonstram o quanto ainda praticamos a ineficiente e destruidora economia linear, ou seja, extraímos recursos do planeta, produzimos os produtos desejados ou necessários, utilizamos esses itens e, muitas vezes diante do simples surgimento de uma novidade, os descartamos. 

A economia circular pode ser uma maneira genuína de tornar as pessoas mais conscientes sobre as próprias ações e os impactos dela na própria vida, na rotina de outras pessoas ou do planeta. 

Com informações da Bússola/Exame

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