Foto: Pexels O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que o Pix Saque e o Pix Troco ainda não tiveram a adesão esperada pela autoridade monetária.
Essas funcionalidades foram lançadas no fim de 2021 com o objetivo de diversificar as opções de acesso ao dinheiro físico.
“O Pix Saque e o Pix Troco estão crescendo de forma lenta, e queremos estimular mais seus usos porque eles são muito importantes, trazem muitos benefícios, principalmente para o pessoal do interior”, afirmou Campos Neto.
O BC divulgou dados que apontam que o volume de transações por meio das ferramentas feitas até o momento se concentra quase em sua totalidade na modalidade voltada ao saque.
Em julho, foram feitas 267,612 milhões de operações com o Pix Saque contra 3.147 com o Pix Troco. A diferença é de uso de mais de 8.403% na modalidade saque, que representa 99% do total das transações ao juntar as duas ferramentas.
Especialistas disseram à reportagem da CNN Brasil Business que a expectativa em torno das ferramentas é alta devido ao sucesso do Pix como meio de pagamento instantâneo no Brasil. No entanto, eles ponderam que diferentemente do original, as implementações para disponibilização de saque e troco são mais complexas e exigem mais tempo para serem alavancadas entre os usuários.
“A expectativa do Roberto Campos Neto é alta por causa dos benefícios das ferramentas, então claramente todos esperavam que a adesão fosse a mais acelerada possível”, afirmou o líder de inovações financeiras da Fenasbac, Rodrigoh Henriques.
Mas, Henriques ressalta que o varejista, dono de padaria ou de outro estabelecimento que queira operar o Pix Saque e o Pix Troco, precisa antes fazer um acordo com uma instituição financeira.
“Isso está sendo processado, as pessoas estão entendendo ainda como funciona. Existe um tempo de maturação, mas eu acredito que a adesão vai ser impulsionada quando passar este período de entendimento dos estabelecimentos”, avalia.
Pix saque tem mais adesão
Segundo o CTO da Sinqia, Thiago Saldanha, a adesão do Pix Saque ocorre de forma mais veloz, principalmente em cidades do interior, onde não há muitos caixas eletrônicos. Mas a opção de troco ainda não conseguiu emplacar como sua semelhante.
“O Pix Saque está tendo uma grande adesão principalmente no interior, onde não existia uma rede tão grande de estabelecimentos ou de maquininhas para saque e você acaba popularizando esse serviço através do Pix”, afirma Saldanha.
O executivo destacou que o mesmo sucesso não é repetido no Pix Troco porque neste caso o usuário deve realizar uma operação com uma forma de dinheiro e receber a quantia descontada em outra, enquanto na operação do saque o processo é mais simples.
“A modalidade com o troco é mais complexa, porque o consumidor faz o pagamento em dinheiro e escolhe receber o troco por meio do Pix e não com dinheiro físico, por exemplo. Isso cria uma fricção de uso de duas formas de transação: uma sai do dinheiro físico e a outra volta no celular”, explicou.
“A fricção ocorre pois o estabelecimento tem que disponibilizar o troco pelo Pix, o que para ele às vezes pode não ser vantajoso, enquanto o usuário tem que estar disposto a ter essa experiência de uso de pagamento físico com o digital integrado”, completou.
Para o especialista, o Pix Troco representará uma parcela de uso pequena em comparação ao Pix Saque, que deve ganhar mais destaque.
“É natural que o Pix Troco ande à margem do Saque, porque só vejo ele sendo usado em casos extremos de necessidade, de falta de troco do estabelecimento, ou o usuário querendo, de fato, troco digital”, concluiu.
Questionado, o Banco Central afirmou que “não tem dados regionais dessas modalidades”.
Fonte: com informações da CNN
