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Direito do consumidor

Apps de entrega de comida exigem preço mínimo de consumo; veja se prática é legal

Situação pode ser considerada venda casada, o que é vedado pelo Código de Defesa do Consumidor.

03/10/2022 15:30

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Delivery: preço mínimo exigido em app de comida é legal?

Apps de entrega de comida exigem preço mínimo de consumo; veja se prática é legal Foto: Pexels

Pedir comida pelos aplicativos de delivery se tornou um hábito para os brasileiros e ganhou ainda mais força durante a pandemia, quando os restaurantes estavam fechados para consumo no local.

A comodidade de receber o pedido na porta de casa, porém, em muitos restaurantes, é sob a condição de um valor mínimo de pedido, ou seja, não pode ser no valor mínimo desejado pelo clientes, precisa ser o estabelecido pelo restaurante.

Isso acontece pela viabilidade econômica, já que se for um valor muito baixo, o restaurante pode acabar não lucrando com aquela venda.

Porém, a situação levanta uma dúvida sobre a legalidade da medida. Afinal, pode ser interpretada como venda casada, ou seja, quando o consumidor é obrigado a comprar um produto que não quer para ter outro da sua preferência.

Segundo a advogada das áreas de direito do consumidor, direito público e penal do escritório Daniel Gerber Advogados, Sofia Coelho, entende desta forma a situação e diz “apesar de ser comum, essa atividade é vedada conforme inciso I, do artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor”.

“I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos”.

Ela explica que o código tenta “priorizar que os compradores sejam tratados com igualdade pelo vendedor, independentemente do valor do produto ou quem está comprando”.

Então, na prática, o preço mínimo faz com que o consumidor seja obrigado a gastar mais dinheiro, comprar o que não quer para que sua vontade inicial seja satisfeita, já que “que estaria condicionando a obtenção de algum produto desde que atingido determinado valor, forçando o consumidor a adquirir outros produtos para alcançar o mínimo exigido pelo estabelecimento comercial”.

A advogada esclarece, ainda, que no caso de o cliente se sentir lesado, ele pode acionar o Procon ou até ingressar com ação judicial visando a reparação de eventuais danos materiais.

Consultado pelo R7, o iFood se posicionou sobre o assunto. Confira a nota oficial na íntegra abaixo:

A empresa entende que não há disposição expressa ou proibição sobre a fixação de preço mínimo para a realização de pedidos por meio de plataformas de intermediação, como é o caso das plataformas de delivery.

Sobre a atuação na plataforma, o iFood oferece dois planos aos restaurantes parceiros:

•“Plano Básico”: Este plano funciona como um marketplace para restaurantes, ou seja, eles são responsáveis pela produção e entrega dos pedidos. Fica a critério do estabelecimento parceiro estabelecer valor mínimo ou não. Essa alteração é feita via Portal do Parceiro, canal de atendimento dos restaurantes.

•“Plano Entrega”: Os restaurantes e mercados são responsáveis pela produção dos pedidos. As entregas são realizadas por entregadores parceiros cadastrados no iFood.  No caso de estabelecimentos parceiros que  optam por esse plano, a empresa estabelece a adoção do pedido mínimo para que haja o equilíbrio econômico entre as partes envolvidas na operação: restaurante, consumidor, entregador e iFood, com o intuito de evitar o prejuízo das partes e levando em consideração uma série de fatores, tais como os preços de determinados produtos fixados pelos estabelecimentos parceiros, estrutura para a intermediação dos entregadores, localização do estabelecimento e entrega, desenvolvimento tecnológico. O restaurante é informado sobre a prática no contrato”

Com informações adaptadas do R7

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