Em três dias de operação, cerca de 700 mil beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) já solicitaram o novo empréstimo consignado na Caixa Econômica Federal, totalizando R$ 1,8 bilhão emprestados.
De acordo com a presidente da Caixa, Daniella Marques, a média de empréstimo é de R$ 2.600, por pessoa.
Daniella disse que houve "muita tentativa de fraude no programa" nos primeiros dias de operação, sem dar detalhes sobre o tema, e ressaltou que o banco leva 48 horas para creditar os recursos na conta do beneficiário.
Consignado do Auxílio Brasil
A Caixa começou a oferecer o novo empréstimo na última terça-feira (11). A taxa de juros é de 3,45% ao mês — um pouco abaixo do teto de 3,5% ao mês fixado pelo Ministério da Cidadania. O empréstimo poderá ser feito em até dois anos, em 24 parcelas mensais e sucessivas.
Além disso, a Caixa anunciou que irá liberar R$ 1 bilhão em crédito para impulsionar a formalização de mulheres empreendedoras que hoje atuam no mercado sem CNPJ.
Com a nova ação, a Caixa tem a expectativa de formalizar um milhão de mulheres. Ao todo, são 30 milhões de empreendedoras no Brasil hoje, incluindo beneficiárias do Auxílio Brasil, autônomas e informais.
Segundo a presidente da Caixa, pesquisas qualitativas mostraram que cerca de 70% dos beneficiários do Auxílio Brasil têm algum tipo de atividade informal ou autônoma. O programa atenderá, até o fim de outubro, 21,13 milhões de famílias, sendo mais de 80% chefiadas por mulheres.
"Ela [empreendedora] abre uma MEI, realiza o curso no Sebrae gratuito, adaptado para essa ação, também terá meio remoto por celular ou WhatsApp e ações locais por todo o Brasil. Quando ela se formaliza, abre a MEI, faz o curso e já vai ter o acesso, mesmo se estiver negativada, de crédito de até R$ 1.000 para dar esse primeiro passo", disse Marques.
As mulheres que recebem o Auxílio Brasil podem formalizar seus empreendimentos sem perder direito ao benefício, afirmou a presidente da Caixa, reforçando que as duas iniciativas de crédito oferecidas pelo banco podem ser conjugadas e não são excludentes.
"São complementares, quem está acessando o consignado do Auxílio [Brasil], e a demanda é enorme, a gente quer usar essa ação para apoiar a formalização entendendo que boa parte desses recursos tem como destino comprar mercadoria hoje, mas o negócio é informal", disse.
"Isso é uma rampa de apoio para formalizar e, uma vez formalizado, ali na frente, vai ter acesso a crédito mais barato e vai dar fôlego para o negócio", acrescentou.
Reclamações do consignado
Entidades de defesa do consumidor relatam uma série de reclamações e denúncias envolvendo o consignado do Auxílio Brasil.
Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), foram ao menos 2 mil queixas, que vão de venda casada com seguro a ligações ao consumidor para ofertar o consignado — o que foi vedado nas normas do crédito.
Com informações adaptadas da Folha e do Valor Econômico