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CONTRATAÇÃO

Emprego: falta de mão de obra qualificada dificulta contratação

Empresários sentem dificuldades ao contratar candidatos que atendam a clientela com a retomada da economia.

21/10/2022 16:00

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 Empresários sentem dificuldades ao realizar contratação

Emprego: falta de mão de obra qualificada dificulta contratação Pexels

Com quase 10 milhões de desempregados no país, há empresários aflitos com a falta de mão de obra qualificada para atender a clientela em momento de retomada da economia.

O setor de bares e restaurantes, por exemplo, criou mais de 1 milhão de vagas nos últimos 12 meses, mas é comum encontrar anúncios fixados na porta dos estabelecimentos em busca de empregados, especialmente para funções mais sofisticadas.

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) mostra que 45% dos empresários pretendem contratar daqui até o fim do ano, impulsionados pelo otimismo com a Copa do Mundo e os eventos de fim de ano. Mas 99% afirmaram que têm algum grau de dificuldade na seleção.

Quanto mais especializada a função, mais difícil de encontrar o profissional. Dentre os mais requisitados na pesquisa da Abrasel, o padeiro lidera o ranking, com 72% de respostas. Em seguida, vem o sommelier, com 71%, e o chef de cozinha, 62%.

E o fenômeno da falta de mão de obra adequada se repete com frequência em outros segmentos do setor de serviços, o maior e mais importante da economia brasileira. Em cada caso, há um tipo de profissional em falta. Nas empresas de hotelaria há procura por recepcionistas bilíngues e guias com experiência. No setor de eventos, por técnicos de som e luz.

Essa é mais uma desorganização econômica que vem desde a pandemia. Também segundo a Abrasel, oito em cada 10 garçons, copeiras, recepcionistas, ajudantes e bartenders tiveram seus contratos cancelados no início da pandemia. Boa parte migrou para outras áreas ou regiões do país, levando sua expertise no trabalho.

A situação atinge tanto trabalhadores quanto fornecedores. No caso dos eventos, o preço das flores, por exemplo, chegou a saltar 400% durante os meses mais duros da retomada, porque floristas tradicionais fecharam as portas ou deixaram de trabalhar para a produção de eventos.

Seja para segurar trabalhadores mais qualificados seja para garantir o abastecimento, é preciso subir o preço do evento. A Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta) e a Casar.com estimam que o gasto médio de um casamento subiu cerca de 30% em 2022.

Ainda que a inflação do país tenha recuado, com três meses seguidos de deflação, os serviços são a exceção. Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que é a cesta média de produtos — registrou queda de 0,29%, mas o núcleo de serviços subiu 0,40%.

Além disso, o volume de serviços prestados no Brasil continua em expansão, com crescimento de 0,7% em agosto na comparação com julho. Na comparação interanual, o setor registrou a 18ª taxa positiva consecutiva, com alta de 8% em relação a agosto de 2021.

Vagas abertas

O Brasil não tem dados oficiais de quantas vagas de emprego estão abertas país afora. O g1 pediu ao Infojobs que levantasse em sua base de dados a evolução da procura de empregadores de serviços

Houve aumento de 90% das vagas em aberto, comparando janeiro de 2021 com outubro de 2022, apenas para posições do setor.

“Foram dois anos de pandemia em que se formaram poucos profissionais. Ainda há dúvida de como isso vai se reorganizar. É por treinamentos? Aumento de salários? Novos benefícios? Ou por meio de um novo regime de contratação mais atraente?”, diz a CEO do Infojobs, Ana Paula Prado.

Pelo lado do empregado, a reabertura aqueceu o mercado de trabalho para além dos setores badalados da economia, como o de tecnologia.

Esse aumento repentino de demanda fez com que os profissionais se realocassem com mais “conforto” — em trabalhos melhores, com salários maiores ou mais perto de casa.

“Os desligamentos a pedido estão em patamar recorde, o que mostra que os profissionais podem escolher onde querem trabalhar no momento. Outro momento histórico de alta foi entre 2010 e 2013, quando houve um crescimento alto da economia”, diz o economista da LCA Consultores, Cosmo Donato Jr.

Donato diz que o efeito do retorno à normalidade foi subestimado pelos economistas e, para o nosso passado recente, os números da atividade mostram uma aceleração “grande e rápida”.

“A taxa de desemprego caiu bastante, abaixo até do ‘desemprego de equilíbrio’, que é aquele compatível com potencial de crescimento da economia”, diz ele.

Por outro lado, a euforia do setor pode não perdurar por muito tempo. O resultado do índice de atividade de serviços em tempo real do Itaú Unibanco (Idat) mostra que há desaceleração dos gastos e uma reversão das altas entre agosto e setembro.

“O ‘efeito reabertura’ foi muito forte no primeiro semestre e carregou o PIB no começo do ano. Agora, estamos entrando em tendência de normalidade, de fim de consumo represado e em linha com o pré-pandemia”, afirma a economista do Itaú Unibanco, Natália Cotarelli.

Ambos os economistas explicam que o efeito de uma atividade mais lenta demora algum tempo a ser sentido no mercado de trabalho, mas, por não se tratar de uma perspectiva de recessão, o que se reduz é o ritmo de criação de novas vagas. O estoque de empregos, portanto, ainda pode se manter em bom patamar.

“A política monetária demora para impactar a atividade, e a atividade demora para atingir o mercado de trabalho. Nossa expectativa é que o desemprego termine o ano em 9,1%”, diz Cotarelli.

“Agora, o problema de ter o trabalhador certo na vaga certa ainda pode demorar um pouco mais. É uma mudança de médio prazo, que envolve um rearranjo entre os profissionais.”

Com informações do g1 Economia

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