x

Jurídico

Ações trabalhistas crescem em SP, mas não ultrapassam números pré-reforma

Presidente do maior TRT do Brasil critica enfraquecimento dos sindicatos e defende regra para aplicativos.

11/11/2022 11:30

  • compartilhe no facebook
  • compartilhe no twitter
  • compartilhe no linkedin
  • compartilhe no whatsapp
Ações trabalhistas crescem em SP no pós-pandemia

Ações trabalhistas crescem em SP, mas não ultrapassam números pré-reforma Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A pandemia e a crise econômica foram fatores que impulsionaram as ações trabalhistas no Judiciário. Porém, nem mesmo diante dessas adversidades no mercado fizeram com que as  judicialização alcançasse o patamar registrado antes da reforma trabalhista.

De janeiro a setembro de 2022, 259,9 mil novos processos foram apresentados às varas da capital, Guarulhos, Osasco, ABC e Baixada Santista. Em 2016, o volume foi de 356,1 mil no mesmo período.

A nova presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), desembargadora Beatriz de Lima Pereira, que assumiu há pouco mais de um mês, acredita que o ano terminará com 330 mil novas ações apresentadas.

Para ela, porém, a Justiça do Trabalho enfrenta hoje um novo drama decorrente da combinação de pandemia e crise econômica. "[São] Pessoas que se lançaram no mercado, no empreendedorismo, sem a preparação necessária", disse.

"Durante a pandemia, houve muita quebra [de empresas]. Hoje temos um volume muito grande de execuções que não estão prosperando porque estão encontrando esses ex-empreendedores em uma situação parecida com a do ex-empregado, sem liquidez, em execuções que se arrastam e nos preocupam", afirmou, em entrevista à Folha.

Crítica da reforma trabalhista, que completa cinco anos nesta sexta (11), Beatriz Pereira defende que cabe ao Legislativo ajustar pontos que, na avaliação dela, distorceram as relações entre patrões e empregados, mas descarta a necessidade de uma nova reforma.

"Acho que a perspectiva da reforma foi do lado empresarial, a partir de um discurso de que empregar no Brasil é muito caro e que existem muitos entraves para uma negociação direta entre empregador e empregado", disse.

Essa discussão, para a presidente do TRT-2, é vazia. "Você não pode olhar para essa questão e partir do princípio de que são pessoas em situação de igualdade, de que elas podem discutir de maneira igual."

Desembargadora há 20 anos e magistrada do trabalho desde 1986, coube a ela a relatoria da primeira decisão do tribunal de São Paulo sobre o reconhecimento de vínculo de um motorista de aplicativo. Ela foi favorável à obrigação da empresa registrar o trabalhador, decisão depois revertida no TST (Tribunal Superior do Trabalho).

Para Beatriz Pereira, a atividade mediada pelas plataformas de tecnologia passa a impressão de não ser subordinada e de ser autônoma, o que, na avaliação dela, não corresponde à realidade dos trabalhadores. A regulamentação desse tipo de trabalho, diz, é urgente, mas precisa vir do Legislativo.

"Pessoalmente, apesar de defender a atuação do Poder Judiciário, e saber da importância das decisões, acho que é um assunto muito relevante para você deixar essa responsabilidade só no Poder Judiciário, sendo que a gente não tem um arcabouço legal. Tem que haver uma regulamentação de proteção para esses trabalhadores."

Com informações da Folha de S.Paulo 

Leia mais sobre

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ARTICULISTAS CONTÁBEIS

VER TODOS

O Portal Contábeis se isenta de quaisquer responsabilidades civis sobre eventuais discussões dos usuários ou visitantes deste site, nos termos da lei no 5.250/67 e artigos 927 e 931 ambos do novo código civil brasileiro.