Foto: José Cruz/Agência Brasil As famílias brasileiras chegaram em patamar recorde quando o assunto é inadimplência. O pagamento do Auxílio Brasil deverá ser usado, por muitos brasileiros de baixa renda, para pagar dívidas em aberto e não para aumentar o consumo.
Os dados são do estudo "Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência", elaborado pelo Instituto Locomotiva e pela MFM Tecnologia.
A pesquisa mostrou que de cada 10 beneficiários do programa social que possuem dívidas, 6 dizem ter a intenção de utilizar o benefício para pagar contas em aberto.
"A maior parte das famílias que possuem dívidas e estão recebendo o auxílio dizem que vão direcionar o benefício para o pagamento das dívidas. Isso ajuda a entender porque esse volume injetado não está se refletindo tão diretamente, por exemplo, em um maior dinamismo do varejo", afirmou João Paulo Cunha, diretor de pesquisas do Instituto Locomotiva, durante conversa online com jornalistas nesta quarta-feira (16).
O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 28 de setembro e ouviu 1.020 homens e mulheres acima de 18 anos em todo o território nacional.
Os dados do estudo indicaram que cerca de 30% dos entrevistados (298) declararam estar inadimplentes, com outros 45% (474) indicando ter dívidas, mas com os pagamentos em dia. Apenas cerca de 25% dos participantes (248) afirmaram não ter dívidas.
Motivos para endividamento
As conclusões do estudo do Instituto Locomotiva e da MFM Tecnologia, empresa de TI especializada nas áreas de crédito e cobrança, se somam às da pesquisa divulgada recentemente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que apontou que o total de consumidores inadimplentes alcançou o patamar recorde de 30,3% em outubro.
Entre os principais motivos que levaram à situação de inadimplência, a perda de emprego e a falta de um bom planejamento das finanças apareceram à frente, com 31% e 29% das respostas dos entrevistados, respectivamente.
Ter ficado doente, levando à perda dos prazos de pagamento e ao acúmulo de dívidas (18%), gastos com saúde não previstos (15%), investimentos em um negócio que não deu certo (15%) e o empréstimo do nome para um terceiro (15%) vêm na sequência entre as principais razões para a inadimplência.
Além disso, 25% dos entrevistados disseram que devem conseguir pagar as dívidas em atraso, contra 37% na pesquisa realizada em 2021. Já 9% responderam que não devem conseguir quitar os valores devidos, ante 2% no levantamento anterior.
Já 60% dos entrevistados afirmaram ter atrasado alguma conta para pagar outra mais urgente nos últimos 12 meses.
Fonte: com informações da Folha de S.Paulo
