Com quase 80% das famílias brasileiras endividadas, maior nível desde o início da série histórica, em 2010, como apontou a Confederação Nacional do Comércio (CNC), os débitos em atraso tiram o sono, privam o consumo das famílias e impõem mudanças no orçamento.
Para 60% dos brasileiros com dívidas em aberto, a saída nos últimos 12 meses foi aderir ao chamado “rodízio das contas”, que consiste em atrasar alguma cobrança para pagar outra mais urgente.
A análise consta de um estudo divulgado nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Locomotiva e pela empresa de tecnologia do mercado financeiro MFN TI. A pesquisa ouviu 1.020 homens e mulheres em todo o país, entre os dias 19 e 28 de setembro.
O levantamento mostrou que, com o orçamento apertado, na hora de escolher o que pagar, as despesas básicas do lar tiveram que ser privilegiadas. Dentre as despesas estão:
- Contas de luz, água e gás (58%);
- Cartão de crédito (42%);
- Supermercado (40%);
- Aluguel (30%).
De acordo com a pesquisa, 56% dos inadimplentes têm dívidas abertas de cartão de crédito. Os débitos de empréstimos e financiamento com bancos e financeiras aparecem depois (40%), seguidos de dívidas do cheque especial (21%), contas de consumo como água e luz (20%), telefone celular (16%) e internet e TV a cabo (14%).
Além disso, para 60% dos negativados, a perda do empregado e a falta de planejamento do orçamento da família são os principais motivos para terem atrasado seus compromissos.
O estudo também apontou que, entre os beneficiários do Auxílio do Brasil e que estão endividados, 60% pretendem usar os valores do programa de transferência de renda para quitar débitos.
Sem perspectiva
A análise mostra ainda que, em relação ao ano passado, houve uma redução no percentual de inadimplentes que acreditam que conseguirão pagar suas dívidas: em 2021 eram 73%, e neste ano, 59%.
Enquanto isso, cresceu o número dos que acreditam que não será possível quitar o que devem, 5%.
Entre quem acredita que conseguirá honrar seus compromissos, 40% pretendem economizar em outras contas, reduzindo o consumo de determinados produtos e serviços (56%), buscando descontos (34%) ou renegociando as dívidas (31%).
Implicações na saúde
Além dos efeitos práticos do endividamento, como a redução no consumo e as necessidades de mudança no orçamento, o estudo investigou também os impactos subjetivos das dívidas, desde a saúde mental até o sono e o apetite.
- 84% acreditam que as dívidas impactam negativamente seu estado emocional;
- 82% na sua felicidade;
- 83% na sua vida em geral;
- 81% no seu sono;
- 81% na sua autoestima;
- 79% na sua vida profissional;
- 77% na sua vida familiar;
- 70% no convívio com amigos/vida pessoal;
- 66% na sua vida amorosa;
- 66% no seu apetite.
Com informações da Folha de Pernambuco