O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, pela sexta vez consecutiva, manter a Taxa Selic em 13,75% ao ano. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (3) e a manutenção faz com que as principais aplicações financeiras na renda fixa continuem oferecendo retornos atrativos de dois dígitos —sem descontar a inflação— aos investidores.
Um novo levantamento realizado pelo diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Andrew Storfer, a pedido da Folha de S. Paulo, mostra que um investimento de R$ 1 mil no título Tesouro Selic, papel emitido pelo governo que acompanha de perto a rentabilidade da taxa básica de juros, renderia um adicional líquido de Imposto de Renda (IR) de R$ 114,46 em um prazo de 12 meses. Os juros pagos pela aplicação são de 13,87%.
"Tesouro Direto, Certificado de Depósito Bancário (CDB) de grandes bancos, fundos conservadores e letras de crédito imobiliária e agrícola continuam sendo aplicações seguras e com rendimentos bem próximos ou até acima da Selic", afirma o diretor da Anefac.
Se a opção for por um CDB de um banco de grande porte, a aplicação de R$ 1 mil traria um retorno de R$ 105,50 dentro do intervalo de um ano, esclarece Andrew.
“No caso dos bancos de médio porte, o rendimento sobe para R$ 124,78 em 12 meses. O rendimento mais alto dos bancos médios decorre de um nível de risco também mais alto assumido pelo investidor”.
Nesse caso, a recomendação do especialista é que a aplicação seja limitada a um valor de até R$ 250 mil, valor coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em caso de quebra da instituição financeira.
O estudo da Anefac mostra ainda que uma aplicação de mesmo valor em uma Letra de Crédito Imobiliária (LCI) ou Letra de Crédito Agrícola (LCA), instrumentos com isenção tributária à pessoa física, traria um rendimento nominal de R$ 126,50, mediante juros de 12,65% ao ano.
Quanto rende R$ 1.000 com a Selic a 13,75% ao ano
Os valores mostram o resultado líquido após o desconto do Imposto de Renda (se houver), sem considerar a inflação, em R$.
Tipo de investimento |
Juros ao ano (em %) |
6 meses de aplicação |
12 meses de aplicação |
18 meses de aplicação |
Poupança |
6,17 |
1.030,39 |
1.061,70 |
1.093,96 |
CDB (grandes bancos)* |
12,79 |
1.049,61 |
1.105,50 |
1.163,20 |
CDB (bancos médios)* |
15,13 |
1.058,37 |
1.124,78 |
1.194,08 |
LCA/LCI |
12,65 |
1.061,37 |
1.126,50 |
1.195,63 |
Tesouro Selic* |
13,87 |
1.053,69 |
1.114,46 |
1.177,51 |
Fundo de investimento conservador - DI* |
13,75 |
1.052,23 |
1.113,44 |
1.175,88 |
Prefixados e indexados à inflação
O analista da Toro Investimentos, Rodrigo Caetano diz que, em um cenário no qual o Banco Central (BC) dê início ao ciclo de corte na taxa Selic nos próximos meses, os títulos do tipo prefixado, que garantem um retorno nominal no momento da compra, e os indexados à inflação, que pagam um juro pré-determinado mais a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ganham destaque no radar dos investidores.
Isso porque, se a Selic cair, o investidor garante com a compra dos títulos neste momento um juro mais alto do que o que provavelmente estará sendo praticado no mercado um pouco mais à frente, explica Caetano.
No caso dos papéis pós-fixados, que acompanham o rendimento pago pela Selic, o investimento tende a perder parte do apelo conforme o BC comece a cortar os juros, mas ainda deve seguir em patamar relativamente elevado, acrescenta o analista da Toro.
No boletim Focus, a mediana das projeções dos economistas consultados pela autoridade monetária indica a taxa básica de juros em 12,50% no final deste ano e em 10% em dezembro de 2024.
Poupança segue com a pior rentabilidade da renda fixa
Em relação ao investimento tradicional na poupança, o estudo da Anefac aponta que uma aplicação de R$ 1 mil traria um retorno adicional de R$ 61,70 em 12 meses, o mais baixo dentre as aplicações consideradas no levantamento.
A despeito da escalada da Selic, que saiu da mínima histórica de 2% em março de 2021 para os atuais 13,75%, a aplicação da caderneta segue com o rendimento inalterado em 6,17% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR).
A remuneração da poupança é de 0,5% ao mês sempre que a Selic estiver acima de 8,5% ao ano. Já quando a taxa básica é de até 8,5%, o rendimento da poupança equivale a 70% da Selic.
"Nesse cenário, apesar de ser uma aplicação muito fácil e segura, a poupança não tem competitividade e rende menos da metade da Selic atual", afirma Storfer.
Frente à baixa rentabilidade, dados do BC mostram que a poupança sofreu um saque líquido de R$ 6,087 bilhões em março. No acumulado do primeiro trimestre, a aplicação já acumula resgates da ordem de R$ 51,233 bilhões.
Com informações Folha de S Paulo