Os ataques aos direitos dos trabalhadores estão em níveis recorde, de acordo com um relatório realizado pela Confederação Sindical Internacional (CSI).
Desde o lançamento deste relatório anual em 2014, as violações dos direitos dos trabalhadores vêm aumentando em diferentes regiões do mundo.
O documento aponta o Equador e a Guatemala como os piores países do mundo para os assalariados, mas também cita excessos no Brasil.
Segundo a CSI, 87% dos 149 países estudados infringiram o direito à greve, 79% violaram o direito à negociação coletiva e 77% proibiram os trabalhadores de fundar ou se filiar a um sindicato.
Os números são muito similares ou inclusive idênticos aos do relatório anterior, que já eram históricos, com níveis recorde de violações denunciadas pelos sindicatos.
Ataques a trabalhadores
Os dados revelam ainda casos de homicídios de sindicalistas. Dos oito países em todo o mundo onde foram registrados mortes de trabalhadores em greves e protestos durante o período estudado, seis eram latino-americanos (Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala e Peru) e dois africanos (Essuatíni e Serra Leoa).
Apenas em abril e março de 2023, a América Latina concentrou 18 dos 19 homicídios de sindicalistas em todo o mundo. A imensa maioria dos assassinatos ocorreu na Colômbia (15), mas Brasil, El Salvador e Guatemala registraram um sindicalista morto cada.
No caso do Equador, o relatório cita a morte de cinco pessoas pelas forças de segurança durante uma greve nacional em maio de 2022.
A confederação denuncia, ainda, que os protestos multitudinários pacíficos naquele país "se depararam com a violência policial, deixando muitos feridos ou assassinados".
Na Guatemala houve casos de "ameaças, ataques físicos e homicídios", ao mesmo tempo em que a CSI critica a "fragilidade" do governo para investigar, prevenir e conter a violência antissindical.
A instituição também menciona o homicídio na Guatemala do sindicalista Hugo Eduardo Gamero González, em agosto de 2022, assim como o fechamento da Winners, empresa de propriedade sul-coreana que demitiu seus funcionários para impedir que criassem um sindicato.
Classificação
A CSI classifica os países em uma escala de 1 a 5 em função do nível de respeito aos direitos dos trabalhadores.
Além de denunciar às autoridades públicas, a CSI aponta a cada ano grandes companhias (ou suas sucursais locais) "que violaram os direitos dos trabalhadores, estão vinculadas a uma violação destes direitos ou não utilizaram sua influência para remediar a situação".