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Casais empreendedores devem separar vida pessoal da empresa

Ao decidir empreender juntos, cônjuges ganham com as qualidades de seus pares, mas têm o desafio de manter sua vida pessoal separada da profissional.

27/06/2012 08:26

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Casais empreendedores devem separar vida pessoal da empresa

Por se complementam mutuamente na vida pessoal, e por possuírem um projeto comum de vida, muitos empreendedores têm buscado no cônjuge também um parceiro de negócios. Mas, para manter as finanças da companhia saudáveis, além de uma boa relação com o companheiro, é necessário traçar uma linha divisória clara entre a empresa e o lar.

Interessados na sinergia que naturalmente surge durante o casamento, algumas redes têm dado preferência para pares entre seus franqueados. Das 90 unidades da Hope Lingerie presentes no Brasil, 70% delas são geridas por casais.

Sylvio Korytowski, diretor de expansão da marca, conta que o resultado obtido por casais empreendedores geralmente é superior ao de outros tipos de parceria. Por terem com frequência todo o capital e energia voltados para a gestão dos negócios, as famílias tendem a ver neles um elemento central em suas vidas.

Além disso, a Hope conta com a maturidade dos casais para contribuir com a gestão das lojas. "Quando procuram uma franquia, os casais já têm maturidade, já trabalharam e juntaram dinheiro. Geralmente, não é uma primeira experiência profissional", diz Sylvio.

O casal José e Mara de Almeida é um exemplo de quem decidiu investir na Hope depois de adquirir experiência. Com formação em administração e economia, respectivamente, os dois decidiram, após três anos de casamento, fundar sua própria empresa prestadora de serviços de tecnologia da informação, em Brasília. Depois de 13 anos no ramo, resolveram ampliar o leque de atuação para o varejo e abriram sua primeira unidade da Hope Lingeries, em 2009. Hoje, têm três lojas na capital.

"Em Brasília, o setor de serviços depende muito do governo. Estávamos cansados disso e queríamos lidar com o consumidor final, no varejo. Escolhemos a Hope porque, além de ter quatro décadas e meia no mercado, o modelo de franquias é tranquilizador", relembra José.

Habilidades complementares

José conta que, enquanto ele lida melhor com finanças e controle de sistemas, Mara se dá bem com a parte operacional da loja. "Ela tem mais tato e carisma para lidar com a equipe. Eu sou números, ela é coração", resume.

O casal segue o modelo geralmente recomendado pela Hope a seus franqueados: a esposa é responsabilizada pela chamada frente da loja, a parte operacional, enquanto o marido lida com a retaguarda, ou seja, a administração. Mara passa a maior parte de seu tempo transitando entre as lojas. José trabalha mais do escritório.

Para evitar atritos, o casal busca sempre delimitar, respeitar e interferir o mínimo possível na área de atuação de cada um. Mesmo assim, há problemas. "Existem conflitos, mas precisamos resolvê-los rapidamente porque à noite temos que dormir com o sócio", brinca o executivo.

Vida conjugal separada da profissional

Trabalhar com varejo existe dedicação enorme à loja. Mesmo assim, é fundamental se esforçar para manter a vida pessoal separada da profissional. "Durante nossa vida social e em viagens, tentamos não discutir sobre as empresas, embora tenhamos que ficar ligados nelas o tempo todo, com Nextel, laptop e iPad", revela José.

Mais importante ainda é manter as finanças pessoais separadas das da empresa. Para tanto, José é de uma rigidez dogmática. Segundo ele, o "primeiro mandamento" do casal é sacar dinheiro da empresa somente quando essa gera caixa suficiente para rodar por três a seis meses sozinha. O segundo é distribuir os lucros somente quando o negócio estiver realmente sólido e o terceiro é não misturar as contas da empresa com as pessoais em nenhuma situação. "Mesmo em viagens com objetivo comercial, nas quais passamos um tempo maior juntos, tiramos dinheiro da conta da empresa", revela.

Para evitar problemas em caso de separação

O advogado Antonio Sergio Lopes, da consultoria Earth e do portal Juristrade, especializado em empresas familiares, explica que muitos empresários têm se precavido quanto a possíveis rupturas amorosas.

Segundo ele, em geral os casais são registrados sob regime de comunhão parcial de bens. Isso significa que, até mesmo quando o cônjuge não atua efetivamente na empresa, legalmente ele tem direito a 50% de participação nela. Em casos de separação, para ficar quites na Justiça, a empresa pode ter que vender uma parte considerável de seus ativos.

"Hoje, as relações não são tão duradouras quanto antigamente, o que pode exigir uma descapitalização enorme da empresa. Uma companhia que vale R$ 5 milhões teria que pagar R$ 2,5 milhões num divórcio", avalia.

Segundo ele, uma forma usual de isolar a empresa das questões conjugais é transferir as cotas das empresas para os filhos, reservando o usufruto para o casal. Isso garante que eles continuem usufruindo dos lucros e dos dividendos do negócio, sem ter o risco de que esse se envolva num imbróglio se o amor acabar.

Fonte: Terra Empreendedorismo

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