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INCLUSÃO FEMININA

Dia da Mulher: o que ainda precisa mudar nos negócios para incluir mais mulheres?

Nove lideranças femininas de vários segmentos da inovação falam de suas perspectivas quanto às adaptações necessárias para que mais mulheres possam empreender e liderar

11/03/2024 18:00

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Dia da Mulher: o que ainda precisa mudar nos negócios para inclusão?

Dia da Mulher: o que ainda precisa mudar nos negócios para incluir mais mulheres? Foto: Ahmed/Pexels

Um levantamento da ONU Mulheres mostra que o acesso desigual de homens e mulheres às inovações digitais, fez com que seja perdido US$ 1 trilhão ao Produto Interno Bruto (PIB) em países de baixa e média renda, entre 2013 e 2023. Ainda segundo a organização, esses mesmos prejuízos financeiros podem chegar a US$ 1,3 trilhão até 2025. Com a crescente digitalização e expansão do empreendedorismo no mercado, a inclusão de mulheres não só é essencial como traz benefícios concretos para a riqueza nas empresas, cidades, estados e países. 

A cultura historicamente masculina das empresas, a sobrecarga de tarefas e o preconceito em relação às mulheres em cargos de comando e alta gestão são alguns dos desafios a serem vencidos. Afinal, o que ainda é preciso ser feito para incluir mais mulheres nos negócios e fazer com que elas alcancem posições de alta liderança? Confira a resposta de 8 líderes que atuam em diferentes segmentos da inovação:

Cientista social com ênfase em antropologia e foco em questões etnico-raciais e mestre em educação inclusiva, Talita Matos tem mais de 15 anos de trabalho com diversidade em iniciativas privadas. “O problema é que essa lógica é regida por padrões e visões de mundo masculinas e modos de funcionamento feitos por e para os homens”, avalia. Para ela, questões interseccionais precisam ser considerada: “as empresas devem estar abertas para transformações culturais profundas que considerem experiências mais plurais, não apenas de mulheres, mas de pessoas que também são mães, negras, PCDs, periféricas e com diferentes bagagens pessoais e históricas”. 

Fundadora e CMO da Guia da Alma, startup com soluções de saúde mental para empresas e pessoas, Liana Chiaradia passou por uma série de treinamentos e especializações no início de sua jornada empreendedora, em 2015, para acumular conhecimento e desenvolver seu primeiro projeto empreendedor. Uma dessas mentorias, como lembra, era sobre vendas. “Aprendi sobre a técnica mas, em determinado momento, um conselho do mentor para mim foi que eu deveria usar salto e me maquiar”, conta Chiaradia. Os homens, mentorados no mesmo projeto que ela, não receberam dicas de vestuário. “O que ainda falta para que mais mulheres cheguem aos cargos de alta liderança nas empresas é conscientização. Palestras, notícias, mentorias e capacitações específicas sobre gênero. Todo esse movimento evitaria constrangimentos para mulheres em jornadas de desenvolvimento pessoal e profissional”.

Co-fundora e COO da Deepdive, empresa que desenvolve soluções em IA para capacitar a força de vendas da indústria farmacêutica, Fernanda Zen acredita que há potencial para que, no futuro, o número de mulheres trabalhando no setor de tecnologia seja equiparável ao de homens. Ela acrescenta, no entanto, que há um longo caminho para isso, pois ainda existe uma grande desigualdade entre os gêneros para ascender aos cargos mais altos. “Vemos cada vez mais mulheres que se interessam pelo setor, estudam e trabalham na área”, diz. Ela ainda dá dicas para quem quer entrar no mercado da tecnologia: “ser apaixonada por inovação, nunca parar de acompanhar as tendências, trocar informações com colegas e acreditar que é capaz sempre”.

Cientista e fundadora da Nanovetores - indústria de ativos nanoencapsulados de alta performance para cosméticos, Betina Zanetti, também é diretora do Grupo Temático Mulheres ACATE, da Associação Catarinense de Tecnologia. Para ela, o compartilhamento de experiências em ambientes seguros, como acontece no Mulheres Acate, e o autoconhecimento são fundamentais para incluir mais mulheres nos negócios. “As mulheres têm se capacitado cada vez mais, então não é por falta de competência técnica o reduzido número de mulheres em alguns segmentos de negócios. Naturalmente tendemos a absorver muitas demandas tendo dificuldade de nos priorizarmos e de investirmos em autoconhecimento, o que pode ser a chave para alcançar novos espaços, aproveitar oportunidades e estar satisfeitas na profissão, trilhando um caminho de sucesso e felicidade no trabalho e na vida.”

Para Desirée Vilas Boas, head de Marketing e sócia da Wellbe, ainda que o mercado de startups se apresente como um ambiente favorável à pluralidade, ele ainda tem um longo caminho a percorrer quando o assunto é diversidade de gênero. Segundo ela, é notável como são nos cargos mais iniciais - como assistente, analista júnior ou estágio - que esse perfil diverso costuma ser encontrado. “São poucas as empresas que possuem mulheres em cargos de liderança. Há mais de três anos participo de programas voltados para capacitação e networking entre startups e em várias ocasiões eu era a única mulher que também era líder e sócia”, compartilha. A especialista acredita que essa é uma mudança essencial para transformar as dinâmicas de trabalho atuais. Ela ainda acrescenta que “a inovação e todo o processo de liderança dentro das startups ainda é pensado de homens para mulheres. É claro que precisamos de todo o apoio possível, mas também é essencial que as mulheres possam participar das tomadas de decisão e contribuir com melhorias umas para as outras. Assim, temos maiores chances de avançar em outras pautas, como maternidade no meio empreendedor, novas lideranças e diversidade racial”. 

Carolina Lima acaba de assumir como sócia e diretora de Social Media da agência de RevOps 8D Hubify. Iniciou como palestrante em 2011, após lançar seu primeiro livro "Como acabar com sua empresa em apenas 140 caracteres". Conta que, ao longo da carreira, transformou os desafios em combustíveis para seu crescimento, mas sem se calar diante de situações abusivas. Uma delas foi vivenciada em um processo seletivo, contada em uma postagem de Carolina que viralizou no LinkedIn."Em muitas das experiências que passei, não tive referências. Na maioria das empresas em que estive, quando olhávamos para os cargos de liderança, a presença feminina era praticamente nula. Precisamos nos sentir representadas. E só conseguimos isso quando há espaço. Quando há mulheres ocupando essas cadeiras. Mulheres em cargos de liderança não só trazem diversidade de pensamento, contribuindo com perspectivas diferentes na resolução de problemas e na tomada de decisões, como também ajudam a quebrar estereótipos de gênero e empoderam outras mulheres a ver que é possível chegar a cargos de liderança também", avalia. 

Há mais de 20 anos no segmento de tecnologia para o mercado financeiro e mãe de dois filhos. Em um mercado majoritariamente composto por homens, Ana conta que em alguns momentos da carreira precisou fazer escolhas, mas que hoje há uma adaptação em curso no setor. “A tecnologia está se tornando cada vez mais interativa, comunicativa e centrada nas relações interpessoais.” Nesse cenário, Ana destaca a diversidade como um fator crucial para a inovação: “A atenção aos detalhes e a criatividade, por exemplo, são nossas aliadas na resolução de problemas, qualidades essenciais para quem trabalha com tecnologia”.

A diretora da vertical de ERP na Zucchetti, Raquel Malvezzi de Oliveira, se define como uma pessoa que sempre abraçou novas oportunidades no mercado de trabalho - e que essa foi uma característica decisiva para ocupar o cargo em que está atualmente. Para ela, o cenário de lideranças femininas nas corporações está evoluindo, mas ainda enfrenta desafios significativos. "Com frequência, subestimamos nossas próprias habilidades quando confrontadas com novos desafios. A união e as trocas entre nós mulheres são pontos que merecem ser fortalecidos”, afirma. No caso dela, somam-se os desafios de ser líder e de estar em uma área que envolve o gerenciamento de todos os processos empresariais - desde o financeiro até o departamento pessoal - por meio da tecnologia. “Estar no mercado de ERP exige uma compreensão não apenas de tecnologia da informação, mas também de processos de negócios e gestão organizacional. Os principais desafios são estar atenta às novidades do mercado, às regularidades obrigatórias, buscar inovar todos os dias e entregar, além de soluções, uma experiência diferente aos clientes", explica. Para ela, nesse cenário, ser líder vai além de apenas ocupar uma posição. "É também ser uma fonte de inspiração para os membros da equipe, incentivando-os a buscar oportunidades de desenvolvimento e colaborando ativamente na construção diária do sucesso da empresa", pontua. 

Formada em Administração e com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, Daniele Amaro iniciou sua trajetória de empreendedora no setor de tecnologia em 2017: cofundadora da Paytrack, empresa especializada em gestão de viagens e despesas corporativas, Daniele ocupou a cadeira de CEO até o final de 2023, quando assumiu a presidência do Conselho de Administração da scale-up. "Há batalhas diárias que as mulheres ainda precisam lutar, como a questão da maternidade, por exemplo: é como se a mulher precisasse escolher entre ser mãe ou ser uma executiva ou empreendedora. Ainda vivemos em uma sociedade que sustenta e alimenta mecanismos de exclusão", comenta Daniele. Mesmo assim, ela vê com otimismo o universo das startups e da tecnologia."O mundo das startups me mostrou um cenário bem mais convidativo para lideranças femininas: entendi que um bom negócio, validado, com potencial de crescimento, era bem aceito independente do gênero da liderança. Também vejo que, hoje, há muitos movimentos de empreendedorismo e empoderamento feminino que facilitam e trabalham em cima de nivelar as oportunidades".

Fonte: Assessoria de imprensa

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