Um novo livro, lançado este ano no Brasil, mostra que a tecnologia da informação é, sim, um grande vilão da produtividade, mas não é o pior deles. Para a advogada e escritora americana Susan Cain, autora de O Poder dos Quietos (Ed. Agir, 352 páginas, 22,90 reais), a arquitetura corporativa prejudica mais a concentração do que as mensagens eletrônicas e a telefonia. Isso porque normalmente trabalhamos em espaços abertos que, intencionalmente, facilitam a convivência, a abordagem e a comunicação. Sim, essas características sempre foram tratadas como um avanço na representação do espaço de trabalho por trazerem um ar de democracia e liberdade. Mas há problemas também, que são pouco discutidos. "Trabalhamos em escritórios com pouco descanso do barulho ou do olhar dos colegas", diz Susan.
Interação sem paredes
A ideia de derrubar as paredes nas organizações é nobre, pelo menos na teoria. Consta que esse modelo de arquitetura foi desenvolvido no Japão, país onde o respeito à hierarquia é maior, e os escritórios de espaços amplos foram uma forma de estimular a interação. A mensagem colou no mundo inteiro, turbinada na crença de diminuir a distância entre o corpo executivo e a base, facilitando o fluxo de informações. Virou padrão mundial. "Sem as paredes, os ambientes de trabalho se tornaram mais ruidosos e caóticos, e as trocas de ideias, mesmo sendo efetivas, passaram a não ter hora para acontecer", diz Emerson Ciociorowski, coach e consultor de empresas. "Em culturas em que as pessoas já têm dificuldade de concentração, como a brasileira, isso é um problema."
Obviamente, ninguém imagina uma volta ao passado das empresas cheias de divisórias, mas Susan coloca em dúvida a eficácia da comunicação "forçada" dos espaços abertos. A melhor solução para a autora seriam escritórios privados, com locais públicos de interação.
Embora produza interrupções, a tecnologia também contribui para aumentar a produtividade. Basta pensar em como ela facilita e acelera a comunicação. Por isso, evitar a tecnologia não é a solução. A saída é controlar melhor os contatos para manter a concentração, como reservar horários para lidar com o e-mail ou redes sociais. Embora leve o mesmo tempo, terá um impacto positivo na manutenção do foco.
Acabe com as distrações : Como se blindar das interrupções do dia a dia
Não Atenda!
O toque do telefone faz o cérebro pensar que o assunto é urgente. Isso interrompe qualquer raciocínio, e retomar leva tempo. Por isso, simplesmente não atenda. A pessoa pode deixar um recado na caixa postal. Se for caso extremo, tire o aparelho do gancho.
Cópia inútil
Só envolva num e-mail quem realmente precisa dar opinião a respeito de um assunto. As pessoas detestam ser copiadas inutilmente. Com o chefe, você pode fazer o inverso: adicioná-lo em uma conversa, caso isso signifique interrompê-lo menos pessoalmente.
Fim de papo
O convívio social é importante, mas ficar de papo com o pessoal do escritório pode atrapalhar o departamento todo, e não só seu interlocutor. "Se for conversar sobre questões alheias ao trabalho, vá até o café", diz Susan Cain no livro O Poder dos Quietos. Outra dica: converse com as pessoas em pé, assim você tende a terminar o papo mais rapidamente.
Fonte: Voce SA