Em uma decisão que marcou uma mudança significativa na trajetória da política monetária brasileira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (19), interromper o ciclo de sete reduções consecutivas da taxa básica de juros, a Selic, mantendo-a em 10,50% ao ano.
A decisão foi unânime entre os membros do Copom, incluindo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Este consenso foi particularmente importante, dado o contexto de críticas recentes ao BC por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A unanimidade sugere um alinhamento dos novos diretores indicados por Lula com uma postura mais cautelosa na política monetária.
No entanto, embora a decisão esteja alinhada com as expectativas do mercado, aponta para um cenário de juros mais altos do que o inicialmente previsto para 2024.
Entre os riscos de alta para a inflação, o Copom destacou a persistência das pressões inflacionárias globais e a resiliência da inflação de serviços no Brasil.
Por outro lado, os riscos de baixa incluem uma desaceleração econômica global mais acentuada do que o previsto e os impactos mais fortes do aperto monetário sincronizado na desinflação global.
A decisão do Copom reflete uma necessidade de maior cautela diante das incertezas internas e externas, exigindo uma política monetária contracionista por um período prolongado para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas de inflação.
No contexto internacional, o ambiente adverso, principalmente em relação às políticas do Federal Reserve dos EUA, continua a ser uma preocupação. O Fed manteve recentemente suas taxas de juros inalteradas e indicou que não pretende iniciar cortes até ter certeza de que a inflação está sob controle.
No cenário doméstico, a deterioração do ambiente fiscal também influenciou a decisão do BC. A mudança na meta fiscal para 2025 e as incertezas sobre a capacidade do governo de alcançar o equilíbrio fiscal aumentaram as preocupações do mercado.