Após anos em que os gestores de contratação focavam predominantemente em preencher vagas rapidamente, o retorno a um mercado de trabalho mais equilibrado tem revelado desafios significativos para os candidatos. A transição para este novo cenário de emprego em 2024 está demonstrando ser um processo doloroso para aqueles em busca de uma colocação profissional.
A hesitação dos empregadores em preencher vagas pode ser atribuída a uma série de fatores inter-relacionados. Em primeiro lugar, um aumento na retenção de funcionários tem reduzido o número de oportunidades disponíveis. Adicionalmente, as experiências de contratações excessivas no passado e as crescentes preocupações com a “adequação cultural” estão levando os empregadores a adotar uma abordagem mais cautelosa, evitando decisões precipitados que possam resultar em contratações inadequadas.
Impacto no tempo de contratação
Conforme relatado pelo Business Insider, os dados mais recentes da Josh Bersin Research indicam que, em 2023, o tempo médio necessário para a assinatura de um contrato de trabalho foi de 44,5 dias, um aumento em relação aos 40 dias observados em 2019. Este prolongamento no processo de contratação tem gerado insatisfação significativa entre os candidatos.
Descontentamento entre candidatos
A insatisfação é evidente entre os candidatos, especialmente entre os jovens da Geração Z. Uma pesquisa realizada pela Even com 2 mil entrevistados dessa faixa etária revelou que metade dos participantes evitaria se candidatar a uma vaga que exigisse mais de três entrevistas separadas. O descontentamento com processos longos e complexos é um reflexo das frustrações acumuladas por aqueles que enfrentam processos seletivos extensos e burocráticos.
Exemplos de experiências frustrantes
Em um exemplo recente compartilhado no Blind, um usuário relatou a complexidade de seu processo seletivo na Nvidia. O candidato mencionou ter investido significativamente na preparação para a entrevista, com um documento de 35 páginas contendo suas anotações pessoais. Este foi o 94º esforço do candidato para obter uma posição, após 93 tentativas frustradas anteriormente.
Perspectivas dos especialistas
Jennifer Schielke, CEO da Summit Group Solutions e autora de "Leading for Impact", oferece uma perspectiva crítica sobre o atual cenário de contratação. Schielke aconselha as empresas a estarem preparadas para contratar rapidamente quando uma vaga é anunciada. Ela destaca que a prolongada busca por emprego e as demissões recentes podem ter abalado a segurança dos candidatos e sua confiança no processo seletivo. “A confiança dos candidatos pode ser afetada. Se a empresa hesitar, pode perder o talento desejado”, alerta Schielke.
Schielke sugere que três a quatro entrevistas são o número ideal para um processo de contratação eficaz. Ela também observa que alguns gestores de contratação, afetados pela dificuldade de atrair talentos durante a pandemia, tornaram-se mais cautelosos. “A adequação cultural é crucial, pois as empresas desejam funcionários que permanecem e não abandonam a organização”, afirma.
Para Schielke, se uma contratação leva meses para ser concretizada, pode ser um sinal de que a posição não é realmente necessária. A clareza na missão, valores e visão da empresa deve facilitar o processo de contratação, tornando-o mais ágil e eficaz.Com informações Exame
