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Profissionais de TI precisam estar sempre disponíveis

Se não 24 horas por dia, ao menos 119 horas por semana. Esse é o tempo exigido, em média, que profissionais da área de tecnologia da informação (TI) estejam disponíveis para suas empresas.

19/07/2012 09:16

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Profissionais de TI precisam estar sempre disponíveis

Se não 24 horas por dia, ao menos 119 horas por semana - praticamente três vezes o tamanho de uma jornada tradicional de trabalho. Esse é o tempo exigido, em média, que profissionais da área de tecnologia da informação (TI) estejam disponíveis para suas empresas. Os dados são de uma pesquisa da consultoria Emerson Network Power com quase 800 funcionários de TI em 11 países, entre eles o Brasil.

A necessidade de estar sempre "ligado" existe nas mais diversas funções, independentemente do nível do cargo ocupado. Com uma escala de 0 a 100, a pesquisa listou as funções consideradas mais exaustivas, e todas as posições no 'top 10' obtiveram pontuação por volta de 70.

Para Blake Carlson, vice-presidente para o segmento de TI da consultoria responsável pelo levantamento, a maioria das companhias não está ciente do quanto as equipes de TI são exigidas. "Imagina-se que os principais gastos na área estão ligados apenas aos equipamentos. Os esforços necessários para fazer essa tecnologia funcionar geralmente são mal compreendidos".

Em média, 45% dos profissionais dizem que não têm controle sobre o próprio horário. Em alguns casos, como o de gerentes de centrais de processamento de dados, esse número chega a 70%. Já 80% dos profissionais da área de engenharia concordam que existem muitos outros dependendo do seu trabalho, o que faz com que eles precisem agir rapidamente em caso de problemas. Mais de 90% dizem ler imediatamente as mensagens recebidas, e 86% se esforçam para responder o mais rápido possível.

O Estados Unidos são o país onde os profissionais de TI passam a maior parte do tempo conectados no trabalho. A América Latina, da qual participaram Brasil e México, foi a região com menos exigência de disponibilidade. Carlson destaca, contudo, que a diferença entre o primeiro e o último lugar foi de apenas 5 pontos percentuais.

Entre as funções mais exaustivas, os primeiros colocados são administradores e líderes de projetos, que acumulam responsabilidades não só estratégicas como operacionais e técnicas. Eles são seguidos dos analistas, compradores e consultores da área de aquisição de TI. Mais da metade destes, por exemplo, afirmam que não encontram tempo para fazer tudo o que precisa ser feito.

O ranking das funções mais cansativas também inclui analistas de operações, profissionais de segurança de TI, desenvolvedores de software e responsáveis pelo processamento de bancos de dados. É o caso de Mauricio Souza, administrador de banco de dados Oracle da empresa indiana de serviços de tecnologia HCL. Ele trabalha em um esquema de sobreaviso no qual fica disponível para atender chamados a qualquer hora do dia, mesmo depois do fim do expediente de oito horas. Por ter como principal cliente uma rede de varejo de grande porte, Souza diz que a demanda é alta. "Eles ligam o tempo inteiro", explica, e confessa que dorme "com um olho aberto e outro fechado", pois costuma receber ligações a qualquer hora da noite.

Profissionais com essa função são responsáveis por manter e melhorar os processos de uma operação que faz consultas desse tipo. Quando alguém usa um cartão de crédito, por exemplo, o tempo até a aprovação da compra inclui inúmeros acessos a extensos bancos de dados como os que Souza e sua equipe, com mais três profissionais, administram. Qualquer interrupção do serviço ou anormalidade pode levar a grandes perdas. A solução precisa vir imediatamente.

Para aliviar a rotina, eles adotaram um sistema de rodízio - a cada semana é a vez de um ficar em 'stand by' para a empresa. Mas Souza, que atende o cliente há mais tempo, acaba sendo procurado mesmo quando não está de plantão. Também é comum perder fins de semana com o trabalho, pois algumas atividades são feitas com mais facilidade quando há um fluxo menor no sistema.

Com noites estressantes, rotina complexa e trabalho cansativo, Souza explica que o desgaste é grande. "Às vezes a gente chega no limite", admite. Mesmo assim, ele faz questão de ressaltar que gosta muito do que faz e que nem pensa em mudar de área. A saída é aproveitar bem as férias uma vez por ano. "Tiro os trinta dias. Viajo e nem levo o celular."

Considerada a terceira posição mais exaustiva pela pesquisa, os diretores de informação, ou CIOs (chief information officer), são os responsáveis por liderar todo o departamento de TI das empresas, o que significa tomar decisões rápidas e gerir a equipe de profissionais da área. Para Walter Sanches, CIO da Termomecanica São Paulo, uma das principais preocupações é estar sempre atualizado a respeito dos serviços e tecnologias. "A TI é demandada por todas as áreas do negócio, e o responsável por tudo é você", explica. Como diretor da departamento, ele precisa se manter informado não só do que acontece na organização, mas das novidades e processos em geral. "Acabamos pensando nisso o tempo todo", afirma.

Os CIOs também são os principais responsáveis por motivar e acompanhar o trabalho da equipe de TI, além de lidar com o orçamento da área. Para Sanches, a gestão de funcionários precisa ser mais integrada para que o risco de erro seja mínimo.

Apesar de trabalhar nove horas por dia, o executivo está sempre atento para resolver os problemas de maior gravidade que chegam até ele. Quando algo acontece, geralmente delega alguém para resolver a questão técnica e cuida da comunicação. "É essencial avisar logo no começo e dar um panorama da situação", explica. Embora considere o trabalho leve atualmente, Sanches conta que já passou por empresas em que a demanda era muito maior. "Cheguei a contabilizar 43 fins de semana trabalhando e a fazer expedientes de até 15 horas por dia. Não tem como desconectar."

Fonte: Valor Econômico

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