Com o aumento considerável de casos de afastamento de trabalhadores pela Síndrome de Burnout, Ansiedade e Depressão, o governo pretende incentivar medidas preventivas dessas situações dentro das empresas e criar um “selo” para aquelas que se preocupam com a saúde mental de seus times.
O selo virá do “Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental”, para empresas que tenham medidas voltadas para o tema. O programa, no entanto, está parado, sem a nomeação da comissão que determinará as regras e poderá conceder a certificação.
Procurado, o Ministério da Saúde informou que "as articulações interministeriais são coordenadas pela Casa Civil". Já a Casa Civil disse que a responsabilidade de indicar os membros da comissão compete aos ministros.
O Brasil é o segundo país no mundo com maior número de trabalhadores com Síndrome de Burnout, atrás somente do Japão, segundo o Isma (International Stress Management Association). Além da síndrome, vem se tornando comum observar trabalhadores que sofrem com outros transtornos, como depressão ocupacional, ansiedade e estresse pós-traumático.
Além de afetar diretamente os trabalhadores, os problemas associados aos transtornos mentais têm efeito nas empresas.
Embora os afastamentos por problemas osteomusculares —dor nas costas, lesões por esforço repetitivo, entre outros— liderem, os dados mostram que o total de dias perdidos por ano por funcionários com transtornos mentais é 81% superior com relação aos funcionários que não têm nenhum tipo de transtorno.
"A saúde mental deve ser encarada como um problema real e importante no cenário empresarial e ignorar essa realidade é um erro estratégico que pode custar muito caro, afetando a competitividade e a sustentabilidade das empresas", afirma a advogada Priscila Arraes Reino.
Em 2022, a Organização Mundial da Saúde e a Organização Internacional do Trabalho divulgaram diretrizes globais para práticas relacionadas à saúde mental no trabalho, entre elas estão programas voltados ao tema e mudanças no ambiente, caso seja necessário.
A pressão do ambiente de trabalho, as demandas crescentes, a incerteza econômica e os desafios pessoais podem contribuir para o surgimento de problemas como estresse, ansiedade e depressão, levando a um absenteísmo maior nas companhias, o que preocupa.
Valério destaca a importância da capacitação de líderes para a criação de um ambiente psicologicamente seguro. "O funcionário não tem medo de sugerir mudanças, de cometer erro e de se comunicar quando tem uma liderança bem capacitada", diz.
O que as empresas devem fazer pela saúde mental dos trabalhadores?
Promoção de um ambiente de trabalho saudável:
O respeito e a inclusão devem ser as bases fundamentais do local de trabalho. Esses elementos colaboram com a promoção de um espaço seguro e, consequentemente, saudável.
Gerenciamento de estresse no trabalho:
O reconhecimento dos estressores e a implementação de medidas para a sua redução devem ser buscados constantemente pelas empresas.
Redução de carga de trabalho excessiva:
É também importante que os gestores tomem conhecimento do tempo de trabalho de seus colaboradores, respeitando a carga de trabalho que, muitas vezes, é a fonte do desenvolvimento de doenças físicas e mentais.
Criar ambientes em que os trabalhadores sejam ouvidos:
Para a garantia da saúde mental, é necessário que o empregado se sinta confortável para conversar com seus gestores. É essencial assim, que o estigma associado a questões mentais seja reduzido.
Acesso a cuidados de saúde mental:
Apenas garantir que o ambiente de trabalho seja saudável não é suficiente. É também indicado que as empresas busquem aumentar o acesso à saúde mental com o apoio de psicólogos.
Com informações Folha de S Paulo