x

ECONOMIA

Estudo da USP revela que limitar ganho real do salário mínimo aumentaria desigualdade no país

Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades fez simulações sobre impacto de medida do pacote do governo.

25/11/2024 16:00

  • compartilhe no facebook
  • compartilhe no twitter
  • compartilhe no linkedin
  • compartilhe no whatsapp
Medida que limita ganho real do salário mínimo aumenta desigualdade

Estudo da USP revela que limitar ganho real do salário mínimo aumentaria desigualdade no país

Uma das medidas analisadas pelo governo para arcar com as despesas é limitar o ganho real do salário mínimo à mesma correção do arcabouço fiscal – o que geraria economia de R$ 11 bilhões – mas segundo novo estudo da USP a medida teria impacto negativo na distribuição de renda e aumentaria a desigualdade no Brasil.

O estudo sobre os efeitos distributivos e fiscais da desvinculação e adoção de uma nova regra para o salário mínimo foi realizado pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made) da USP, que alerta que o impacto sobre a arrecadação pública deve ser considerado, podendo limitar os ganhos líquidos para o governo.

A medida faz parte do pacote de ajuste fiscal para garantir a sobrevivência no arcabouço fiscal e será enviada ao Legislativo com a expectativa de aprovação ainda neste ano.

O governo mira no ganho real do salário mínimo já que descartou mudanças nas vinculações das aposentadorias e outros benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) , que continuam atreladas ao salário mínimo. 

O Made simulou qual teria sido o efeito se essa política tivesse sido implementada desde 2000, assumindo o máximo de aumento anual (crescimento real de 2,5%).

Para os benefícios da Previdência, a desigualdade de renda aumentaria entre 3,2% e 3,8%, e o gasto seria reduzido entre 15,9% e 19,9%. Nesse caso, o índice de Gini —hoje em 0,529— ficaria entre 0,546 e 0,549.

O Gini é um indicador que reflete a concentração de renda, e varia de 0 a 1. Quanto maior o número, maior a desigualdade.

No caso do BPC, o Gini ficaria em 0,533, com aumento de 0,75% da desigualdade de renda. Por outro lado, a despesa com o programa seria 45,5% menor. Uma redução de R$ 50 bilhões.

Previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), o BPC garante um salário mínimo mensal ao idoso de baixa renda que tenha a partir de 65 anos e à pessoa com deficiência de qualquer idade.

Segundo o professor da Universidade de Leeds, do Reino Unido, e pesquisador do Made-USP, Guilherme Klein Martins, haverá aumento de desigualdade e as alterações no piso da aposentadoria e no BPC podem ter impacto importante nas contas públicas, mas acabarão prejudicando os mais pobres.

Outra simulação feita pelo pesquisador do Made levou em conta um cenário no qual o BPC estaria, desde 2000, atrelado ao crescimento da inflação em vez de acompanhar o salário mínimo. Nesse caso, a desigualdade de renda no país seria de 0,534 (0,9% maior do que a atual).

Para os benefícios previdenciários, o índice de Gini aumentaria entre 4,2% e 4,8%, o que representaria a reversão da redução da desigualdade observada entre 2001 e 2022, de acordo com o estudo.

Klein destaca que esse período foi marcado por uma excepcional redução da desigualdade de renda no Brasil, de quase 11%.

Com informações adaptadas Folha de S Paulo

Leia mais sobre

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ARTICULISTAS CONTÁBEIS

VER TODOS

O Portal Contábeis se isenta de quaisquer responsabilidades civis sobre eventuais discussões dos usuários ou visitantes deste site, nos termos da lei no 5.250/67 e artigos 927 e 931 ambos do novo código civil brasileiro.