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FINANÇAS

Bancos reduzem oferta de crédito consignado do INSS por pressão do teto de juros

Instituições alegam inviabilidade econômica e contestam regras do CNPS na Justiça.

12/12/2024 16:00

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Limites de juros levam bancos a restringirem crédito consignado do INSS

Bancos reduzem oferta de crédito consignado do INSS por pressão do teto de juros

Alguns dos principais bancos brasileiros, incluindo Itaú Unibanco, Banco Pan, Banco Mercantil e Banco BMG, decidiram restringir a oferta de crédito consignado direcionado a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por meio de correspondentes bancários. A decisão afeta novos clientes interessados nesse tipo de operação.

A medida está relacionada ao teto de juros estabelecido pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que fixou o limite em 1,66% ao mês para empréstimos pessoais e em 2,46% ao mês para operações com cartão de crédito e cartão de benefício. De acordo com os bancos, esses limites não cobrem os custos de captação no mercado financeiro, que ultrapassam 14% ao ano.

O setor financeiro argumenta que o modelo operacional, quando intermediado por correspondentes bancários, se torna economicamente inviável sob essas condições. Representantes das instituições recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a competência do CNPS e do INSS na definição dessas taxas.

Posicionamento dos bancos

O Itaú Unibanco informou que a suspensão do crédito consignado por correspondentes bancários é temporária, justificando que os atuais limites de juros, combinados ao aumento dos custos de captação, inviabilizam as operações. 

A instituição, no entanto, mantém a oferta do produto para beneficiários do INSS que já recebem seus proventos pelo banco, com contratação direta em agências ou pelo aplicativo.

O Banco Pan também interrompeu a concessão de crédito consignado por meio de correspondentes bancários, citando os custos elevados de captação como fator determinante. 

O Banco Mercantil e o Banco BMG tomaram medidas semelhantes, ambos destacando a incompatibilidade entre os custos operacionais e o teto de juros vigente.

Debate jurídico e impactos no setor

A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) questiona no STF a legitimidade do INSS e do CNPS para definir os tetos de juros. A entidade alega que essa atribuição é de competência exclusiva do Conselho Monetário Nacional (CMN), conforme estipulado pela Lei 4.595/64, que regula o Sistema Financeiro Nacional.

Além disso, a ABBC critica o uso da taxa Selic como referência para os tetos de juros, apontando que a Selic não reflete adequadamente os custos de captação de longo prazo. Segundo a associação, há uma lentidão na atualização dos tetos em momentos de alta da Selic, o que agrava os desafios para as instituições financeiras.

Esforços para proteção do consumidor

O Ministério da Previdência, embora não tenha respondido aos questionamentos sobre o tema, já afirmou anteriormente que as medidas regulatórias buscam proteger consumidores, especialmente aposentados e pensionistas, contra práticas abusivas. 

Essa preocupação ganha relevância diante do alto nível de endividamento dessa parcela da população.

Panorama do crédito consignado

Atualmente, o INSS mantém convênios com 70 instituições financeiras para operar o crédito consignado, 41 para a modalidade de cartão de crédito consignado e 24 para o cartão de benefício. 

Pela legislação vigente, aposentados e pensionistas podem comprometer até 45% da renda mensal com essas operações, sendo 35% para empréstimos pessoais, 5% para o cartão de crédito e 5% para o cartão de benefício. Os pagamentos podem ser parcelados em até 84 meses.

O cenário evidencia um impasse entre o setor financeiro e os reguladores, com impacto direto para aposentados e pensionistas que buscam alternativas de crédito. Enquanto o debate jurídico sobre as competências regulatórias prossegue, as instituições financeiras ajustam suas operações, reduzindo as opções disponíveis para esse público.

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