x

Quer empreender? Não se apaixone demais pela sua ideia

Walter Silva, COO da Predicta, dá dicas para ser "dono do próprio nariz"

08/08/2012 14:22

  • compartilhe no facebook
  • compartilhe no twitter
  • compartilhe no linkedin
  • compartilhe no whatsapp
Quer empreender? Não se apaixone demais pela sua ideia

A decisão de abrir a própria empresa exige cautela. O dilema de largar a segurança de ser empregado para se lançar ao desafio de empregar não deve ser resolvido às pressas.

Uma vez ultrapassada esta etapa, é hora de se preocupar com um outro fator, apontado por Walter Silva como essencial para o sucesso do negócio: ter paixão pelo projeto na medida certa, de modo que a  ‘cegueira’ não impeça você de enxergar eventuais falhas. “Não se apaixone nem de menos, nem demais pela sua ideia”, aconselha.

Silva é COO da empresa (diretor de Operações) e um dos fundadores dela,  que desde 1999 atua no marketing digital brasileiro e hoje tem clientes em mais de 100 países. Composta por três unidades de negócios, a companhia oferece consulta estratégica para aproximar marcas de clientes; trabalha o lado operacional para agências de propaganda; e ajuda no desenvolvimento de tecnologia aplicada a proprietários de websites. De 2008 para cá, o grupo lançou outros dois projetos, a BTBuckets e o Site Apps, este último mais recente, responsável por colocar a Predicta entre as 10 empresas brasileiras mais inovadoras de 2012, segundo a revista Fast Company.

Na entrevista abaixo, Walter Silva, formado em Admnistração de Empresas, dá dicas de empreendedorismo e comenta as possibilidades do cenário nacional. Apesar de considerar o brasileiro um povo “ultra-engenhoso” e “inventivo”, o empresário reclama da falta de apoio do governo e da iniciativa privada.  “Os encargos trabalhistas são um pedágio caro demais para qualquer empreendedor”, atesta. Aí está, segundo ele, o suporte de que o país precisa para evoluir neste setor.

Olhar Digital: Você diz que é possível levantar uma startup de classe internacional em dois meses. Em linhas gerais, como fazer isso?

Walter Silva: O mais importante é não tentar reinventar a roda e aproveitar todos os trampolins de internacionalização que existem como as plataformas globais de serviço de infraestrutura.  Além disso, é interessante manter a cabeça aberta para os possíveis concorrentes e ter benchmarks globais: o fato de alguém já fazer algo que você gostaria fazer não deveria ser necessariamente um impedimento, porém, é fundamental que você conheça o ambiente.

Olhar Digital: Quais os principais cuidados a serem tomados quando se decide empreender?

Walter Silva: Não se apaixonar nem de menos, nem demais pela sua ideia.  O empreendedor enxerga o mundo de uma forma diferente - ele vê uma oportunidade onde ninguém vê (ou que muitos veem mas poucos tem coragem de tentar solucionar).  Depois ele se apaixona pelo conceito que criou e acha que pode mudar o mundo, e então começa a colocar a sua ideia em prática.  Conforme o que está na cabeça do empreendedor se materializa em um produto ou serviço, o feedback começará a aparecer... e é aí que mora o perigo: ouça demais o feedback e você pode acabar saindo do caminho da sua visão, ouça de menos e você pode ‘morrer na praia’ por não ter dado ouvidos ao mercado.  Em suma: a paixão é o combustível do empreendedor mas a "cegueira" que vem com ela tem um ponto ótimo.

Olhar Digital: Como você avalia o Brasil em comparação a outros países quanto à criação de startups de qualidade?

Walter Silva:  Bem e mal.  Que temos um povo inventivo, incansável e ultra-engenhoso é fato, porém, há a falta de algumas partes críticas do ecossistema empreendedor (como um mercado financeiro com liquidez para ações de pequenas empresas).  As limitações do ecossistema não são um impedimento mas um obstáculo que pode e deve ser contemplado no planejamento estratégico e ultrapassado pelo empreendedor.  O lado ruim disso é que muitas excelentes ideias e empreendedores não chegam a ser executadas por receio. 

Olhar Digital: O que falta para deslancharmos nesta área?

Walter Silva: Apoio - tanto do governo quanto da iniciativa privada.  Do governo, principalmente na área dos encargos trabalhistas, que são um pedágio caro demais para qualquer empreendedor, e da iniciativa privada, que precisa acreditar que as pequenas são uma excelente forma de "terceirizar" parte das suas atividades de pesquisa e desenvolvimento.  As grandes empresas precisam adquirir mais empresas de pequeno porte.

Olhar Digital: Com quem temos a aprender e por quê?

Walter Silva:  Sobre empreendedorismo, sem dúvida alguma com os americanos.  Falhar não é um problema;  concorrência é feita com lealdade; e fazer uma excelente venda,  às vezes, é mais importante do que ter um excelente produto ou serviço para se vender . Este são três pontos nos quais os americanos dão show para o mundo inteiro, não só para o Brasil. 

Olhar Digital: Cite exemplo(s) de sucesso desenvolvido(s) em terras brasileiras.

Walter Silva:  A Embraer é uma empresa que teve de mostrar ao mundo que consegue fazer aviões de qualidade antes que os próprios brasileiros dessem o ‘braço a torcer’ e se orgulhassem do que ela faz.  Fizeram e continuam fazendo um trabalho maravilhoso, digno de estar entre os dois ou três melhores do mundo no setor.  São uma empresa exportadora invejável.

Olhar Digital: A quem o empreendedor deve recorrer se estiver interessado em abrir o próprio negócio?

Walter Silva:  No lado prático,  um bom advogado e contador são fundamentais.  No lado estratégico, a qualquer um que tenha experiência - sempre se pode aprender, com qualquer um, em qualquer área.  Aqui gostamos de "nos apoiar nos ombros de gigantes" sempre, por isso encontrar aquelas pessoas que estejam dispostas a compartilhar sua experiência, erros e acertos, é fundamental.

Fonte: Olhar Digital

Leia mais sobre

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ARTICULISTAS CONTÁBEIS

VER TODOS

O Portal Contábeis se isenta de quaisquer responsabilidades civis sobre eventuais discussões dos usuários ou visitantes deste site, nos termos da lei no 5.250/67 e artigos 927 e 931 ambos do novo código civil brasileiro.