Segundo uma pesquisa divulgada neste ano pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), baseada em dados de 2011, o Brasil concentra 27 milhões de pessoas envolvidas em um negócio próprio ou na criação de um. Mais da metade, 14,4 milhões, tem entre 25 e 44 anos. De acordo com a sondagem, outros 3,4 milhões possuem até 24 anos, enquanto 6 milhões estão na faixa de 45 a 54 anos e 3,3 milhões têm mais de 55 anos.
"Uma das críticas que alguns autores fazem ao GEM é que ele trabalha com recortes extensos, principalmente quando analisa os que têm entre 25 e 44 anos como se fosse apenas um grupo", pondera João Bonomo, professor de empreendedorismo do Ibmec de Minas Gerais. De qualquer maneira, ele afirma que existem estudos que mostram que duas faixas etárias em especial têm alcançado índices crescentes de empreendedorismo: a de 20 a 30 anos e a que engloba os com 55 anos ou mais.
Na opinião de Rose Mary Lopes, professora do núcleo de empreendedorismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), a hora certa de empreender está mais ligada à disposição e vislumbre de uma oportunidade do que à idade. "No entanto, há o que chamamos de 'janela da idade', que é a faixa dos 25 aos 35 anos. Nessa fase, a pessoa ainda não está comprometida com dívidas familiares, por exemplo, e tende a se arriscar mais", explica.
O empreendedorismo em cada faixa etária
João diz que os jovens empreendedores possuem uma perspectiva temporal mais ampla, ou seja, têm mais tempo para tentar novos negócios caso a primeira escolha não dê certo. Além disso, estão mais dispostos a correr riscos e a mudar de rumo. "Os jovens acreditam que podem muitas coisas. Se um caminho não der certo, eles acham que tudo bem tentar outro. Não existe aquilo de 'eu nasci para isso e só posso fazer isso'", afirma.
Para Rose Mary, os empreendedores mais novos têm a seu favor um otimismo que muitas vezes não é visto naqueles com mais experiência. "Até por ter menos tempo de vida profissional, eles ficam mais entusiasmados. Também é nítido que os jovens têm mais gás", diz.
Mas, se por um lado a energia e a ousadia dos jovens são benéficas para o mundo dos negócios, essas mesmas características podem se tornar problemas. "Quando eles começam a querer que tudo aconteça da maneira como imaginavam e na velocidade que esperam, podem sem frustrar", aponta João.
A professora afirma que o entusiasmo pode atrapalhar. "É comum que eles deixem de ponderar aspectos importantes de uma empresa, como o pagamento de tributos e a divisão societária", diz. Para ela, uma das formas de minimizar a falta de experiência em gestão é contar com mentores com mais bagagem.
Já os empreendedores que têm 55 anos ou mais procuram opções com menos riscos. Umas das formas encontradas é se associar a outros empresários, pelo menos no começo, e deixar que apenas um fique na ponta do negócio enquanto os outros continuam com seus empregos. "As pessoas tendem a ficar mais pessimistas com o tempo, o que acaba bloqueando ações ousadas e com mais riscos", aponta Rose Mary.
Por contar com uma experiência sólida, diz João, é comum que os mais velhos escolham negócios que tenham a ver com sua trajetória profissional. "É o profissional que trabalhou a vida inteira em uma empresa e, quando decide empreender, abre uma consultoria para prestar serviços para o seu antigo empregador", exemplifica.
De modo genérico, duas motivações levam os com mais de 55 anos a abrir o próprio negócio: a vontade de realizar um sonho antigo ou a necessidade de bancar a família. "É comum encontrar nessa faixa etária a pessoa que precisa voltar ao mercado porque a família aumentou. Os filhos casam, mas ainda não possuem independência financeira", esclarece João.
Fonte: Cross Content (Terra Empreendedorismo)
