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Fabricante vê pouco resultado com isenções

Fabricantes brasileiros de móveis não sentiram impacto significativo em suas vendas com a redução de 5% para zero do IPI para o setor, em vigor desde 26 de março e com previsão de término em 30 de setembro.

22/08/2012 13:06

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Fabricante vê pouco resultado com isenções

Segundo representantes da gaúcha Kappesberg e da paulista Móveis Bechara, o endividamento dos consumidores no período de vigor do incentivo prejudicou o aumento da demanda.

A isenção do IPI para painéis de madeira, laminados de alta resistência e PVC, publicada ontem no Diário Oficial da União, também não deverá ser vantajosa para a indústria moveleira. Apesar da expectativa de aumento de vendas de até 20% em setembro para fabricantes desses componentes, como a Formiline, dona da marca Formica, os grandes beneficiados deverão ser os revendedores de madeira, que poderão comprar os produtos até 5% mais barato. No entanto, o prazo de vigor da medida, até 30 de setembro, é visto como muito curto para provocar impacto relevante no setor.

Painéis e laminados

"Prevejo um crescimento de vendas de 20% em setembro, em relação a agosto, porque quem tiver condições, quem tiver caixa, vai comprar para se beneficiar do incentivo", diz o diretor-comercial da Formica, Victor Pfuetzenreiter. "Mas não teremos nenhuma vantagem no longo prazo, será algo momentâneo", afirma. Segundo ele, a empresa já iniciou processo de aumento de produção para ampliar os estoques internos de forma a responder ao provável crescimento da demanda.

O diretor explica que a medida não fará tanta diferença para a indústria moveleira. "Quando eu vendo para o produtor de móveis, isso não muda nada, porque o imposto que ele paga na compra, ele credita na venda", afirma. Numa revenda madeireira, por outro lado, diz ele, o IPI é um custo que não é repassado, então nesse caso haverá um desconto de 5%, que é o valor da alíquota incidente. Segundo ele, 70% dos clientes da Formica são varejistas revendedores, enquanto 30% são indústrias moveleiras.

O vice-presidente-executivo e diretor de Relações com Investidores da Eucatex, José Antônio de Carvalho, compartilha dessa percepção. "Para a grande indústria não haverá impacto, mas com a vantagem para a revenda, que abastece o pequeno marceneiro, a pequena indústria poderá se beneficiar", afirma.

Carvalho não faz estimativas sobre o aumento de demanda, mas acredita que, como a Eucatex trabalha com estoques pequenos devido à grande diversidade de produtos de seu portfólio, a medida resultará em aumento da produção. "Nas nossas duas plantas mais antigas, estamos trabalhando muito próximos da capacidade plena, mas temos uma terceira fábrica, que é nova, onde estamos trabalhando com 65% da capacidade, que poderá se beneficiar de um aumento na demanda", relata ele.

Os fabricantes são unânimes em criticar o curto prazo da medida. "Ela não deve resultar em aumento do emprego, pois o setor vem trabalhando com ociosidade", diz Carvalho. Segundo Pfuetzenreiter, só seria possível avaliar os benefícios da medida caso ela vigorasse por um prazo mínimo de três meses, como nos incentivos concedidos aos demais setores da indústria.

Moveleiros

O diretor-executivo da Kappesberg, Cesar Schmidt, confirma que não terá vantagem com a redução do IPI para painéis e também vê pouco resultado da redução do imposto para móveis. "Teve um empurrãozinho, mas não tanto quanto da outra vez [em 2009], porque não é mais uma novidade para o consumidor", diz. Além disso, o alto índice de endividamento e a competição com outros segmentos com IPI reduzido, como linha branca e automóveis, prejudicaram a eficácia da medida para o setor.

Segundo Schmidt, a eliminação da contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de pagamento, substituída por taxa de 1% sobre o faturamento, também não foi vantajosa para a empresa. "Essa medida ajudou empresas pequenas, que utilizam muita mão de obra e pouca máquina. As empresas com alto faturamento, mais eficientes e mecanizadas, como a Kappesberg, acabam pagando mais com esse modelo de tarifação", critica. "O Brasil está desincentivando as empresas de se tornarem mais competitivas", assevera.

Ainda assim, o diretor calcula que haverá aumento de demanda de 15% em setembro, em relação a igual mês de 2011, devido a uma corrida do varejo para se beneficiar do IPI reduzido antes do fim do prazo. "Mas em outubro terá, consequentemente, uma queda. Então, no fim, fica praticamente no zero a zero", diz Schmidt, que não acredita na prorrogação da redução do IPI até o fim do ano, como reivindica o setor.

O gerente-comercial da Móveis Bechara, Milton Giacomelli, acredita que está ruim com o IPI reduzido, mas será pior sem ele. "A demanda não está aquecida, não houve nenhum aumento em razão do IPI, mas ainda assim esperamos que seja estendido, para ajudar no segundo semestre, que representa 60% das vendas do setor", diz. Segundo o executivo, a desoneração de folha também não foi vantajosa para sua empresa, devido à mecanização.

De acordo com ele, a Bechara teve queda de vendas em número de peças no primeiro semestre de 2012, mas aumento em valor, de 8%, devido à sua entrada no segmento de dormitórios. "Isso agregou valor às vendas. Se eu estivesse apenas nos segmentos em que atuava anos atrás, teria queda em valor também", relata.

Fonte: Diário do Comércio e Indústria

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