O dado divulgado em maio deverá ser atualizado na próxima Carta de Conjuntura da instituição, a ser anunciada em setembro. Diante da fraca perspectiva para este ano, as projeções do Ipea para 2013 provavelmente serão também rebaixadas.
"Acho pouco provável que o crescimento anualizado atinja 4% no último trimestre deste ano, como prevê o Banco Central", disse o coordenador do Grupo de Análises e Previsões (Gap-Ipea), Roberto Messenberg, durante apresentação do boletim Conjuntura em Foco. Segundo ele, os últimos dados do setor externo e da atividade industrial indicam que a economia brasileira não atingirá a recuperação esperada no segundo semestre do ano.
De acordo com o economista, como os dois primeiros trimestres do ano foram muito ruins, a carga necessária para que o País tenha um crescimento razoável é tão elevada que chega a ser inviável. "A média do crescimento [de 3% do PIB] em 2012 já está comprometida", disse.
Se o dado anualizado nos últimos trimestres vier abaixo do esperado pelo governo, como prevê o Ipea, o carry over (carregamento) para 2013 será prejudicado.
A alta de 5,2% do IPCA no acumulado dos 12 meses encerrados em junho não deve impedir novos cortes da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), diz o Ipea. O instituto aponta no Boletim de Conjuntura que o repique resulta do choque de oferta de alimentos, um fator transitório.
Para Messenberg, o pacote de concessões em infraestrutura lançado pelo governo na semana passada é um passo fundamental para desvincular o crescimento da taxa de investimento do País do aumento do consumo.
Na avaliação do economista, os investimentos em infraestrutura com participação do setor privado podem ser o polo alternativo ao consumo para desencadear investimentos.
A sinalização do governo com o pacote, diz Messenberg, é de que o patamar de juros está caindo de forma permanente e se manterá baixo.
Fonte: Diário Comércio Indústria