Final de ano é sinônimo de celebração e compras. Festas, almoços e jantares especiais, troca de presentes, renovação de guarda-roupa, reformas em casa são alguns dos gastos que estão nas listas de muitas pessoas. Isso sem contar matrícula e material escolar. Mas será que a época é ideal para assumir novas dívidas?
Conversamos com Ricardo Pereira, consultor financeiro do programa Consumidor Consciente da MasterCard, que deixa dicas simples para os consumidores não começarem o próximo ano com a situação financeira prejudicada.
Já é hora de se programar para os gastos típicos de final de ano?
Ricardo Pereira, consultor financeiro: Já está quase passando da hora. Melhor, esse é o tipo de gasto que deve ser pensado ao longo do ano. Lembre-se: Natal, Dia das Mães, dos Pais, Dia das Crianças, dos Namorados, Ano Novo e outras datas especiais se repetirão sempre. Então, só não se prepara quem não percebe o quanto essa atitude é importante para o planejamento financeiro.
O valor investido nas compras de final de ano deve ser proporcional aos 13º salário, comissões, prêmios ou férias?
Ricardo Pereira: Não é viável utilizar o valor extra para presentear. O ideal é guardar parte do dinheiro para um investimento futuro e, se possível, uma parte do valor deve ser usada para esses presentes. Como já dito, quem se planeja no decorrer do ano consegue guardar uma quantia para ser gasta nestas ocasiões. Além do mais, o futuro é uma coisa da qual não podemos fugir, então é importante fazer o mais rápido possível um “pé de meia” e evitar passar por dificuldades. O 13º é um valor extra que pode formar essa poupança.
Mais dicas para uso do 'dinheiro extra'
Ricardo Pereira: Avalie sua situação financeira. O valor extra pode ser usado para quitar dívidas, por exemplo. Use sua criatividade para presentear. As pessoas costumam dizer que o que é valioso numa relação nada tem a ver com dinheiro ou que se gaste muito para demonstrar sentimento. Então, por que não convidar a pessoa que você quer bem e preparar um jantar na sua casa?
Essa é só uma das alternativas possíveis. Nesses momentos de confraternização as pessoas tendem a ficar mais sensíveis e, com isso, agem com a emoção e não racionalmente. E é preciso lembrar que a parte financeira é um transtorno que pode durar por um longo tempo.
Gastos com reformas em casa, troca de móveis, renovação do guarda-roupa e outras dívidas comuns da época devem ser repensados?
Ricardo Pereira: Não estão proibidos, mas, mais uma vez, cuidado com o apelo emocional dessas datas e aprenda a lidar com a frustração. O exercício aqui é saber dizer “não” para si mesmo algumas vezes. É importante realizar sonhos de consumo, mas, ao mesmo tempo, é preciso consumir com consciência e de forma organizada para não se endividar para conseguir o que deseja.
A outra dica é saber esperar. Pense que se você não pode comprar naquele momento ou puder aguardar mais um tempo, o seu objeto de desejo vai continuar lá e, provavelmente, custando 30 ou mesmo 40% mais barato. Essa é mais uma atitude simples que faz toda a diferença.
Se a pessoa está decidida a gastar, qual a dica para não passar por apuros no futuro?
Ricardo Pereira: O importante é não comprometer mais do que 30% da renda mensal com prestações. Então, se a pessoa já tem parcelas a pagar, só deve fazer novas dívidas se o novo valor somado não ultrapassar esses 30%.
É importante lembrar também que, no começo do ano, há despesas que não podemos reverter, caso de IPTU, matrícula e material escolar, valores que as famílias devem estar preparadas para pagar.
Dicas para não entrar no vermelho no começo do ano
Ricardo Pereira: Se tiver condições de pagar as compras de final de ano à vista, melhor. Se não, faça a conta dos 30% de investimento do salário mensal e veja se consegue incluir mais uma prestação. Fuja de compras em cheque especial ou de passar do valor rotativo do cartão de crédito, pois os juros no Brasil, apesar de terem caído, ainda são muito altos e levam as pessoas a se complicarem muito rapidamente.
Se você já chegou a esse limite, faça o possível para quitar essa dívida o quanto antes.
Não deixe para fazer compras de final de ano na última hora. Uma das consequências de adiantar as compras é a chance de pagar mais barato pelos itens. Use a internet como aliada para fazer pesquisas de preços.
Comece a fazer um planejamento mensal de ganhos e gastos. Reserve dinheiro ao decorrer do ano e não seja “surpreendido” por dívidas grandes no final e começo do ano. Tente ser racional a respeito de sua vontade de presentear a todos. Haja de forma consciente para não começar o ano com endividado.
Fonte: MSN Por Karina Costa
